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O fim

Bilhete Postal

O fim de um ciclo chega no voto que levas na mão. Pode ser um círculo, mas ali, enquanto escreves, começa tudo outra vez. O teu voto é um ponto final e é a primeira tinta da carta que aí vem. Porque acredito nesta elipse de cores múltiplas, nunca deixei de votar. Vou convicto da importância que levo nos dedos. Um papel pequeno, uma cruz entre muitos quadrados e voto. Voto contra, a favor, por um ou por outro e levo emoções diferentes de cada vez. Pertenço aos 20 por cento que mudam de orientação. Eu já votei porque não queria mais e porque confiava, já fui convicto e já fui desiludido. Voto acreditando que muda alguma coisa. Sei que muda no tempo que antecede o dia da eleição. Não sabemos quem ganha e por isso os do poder amainam, os da oposição ganham coragem, exagera-se nas palavras, multiplica-se a minudência, inventam-se ciladas, ampliam-se disparates, coloca-se na ventoinha a infâmia. O voto contra é pior, mas mais seguro. O voto a favor tem dúvidas até ao fim. Há os convictos, os que nunca duvidam, os que estão certos desde o início. Nunca fui assim depois da adolescência. Voto para depor alguém ou para gritar vitória contente. Mas mudo de clube porque voto nos treinadores e não voto na camisola ou nas cores. Em outubro de 2015 estou zangado com um voto na mão. Estou desiludido, vou preocupado, vou sem confiança nenhuma e por essa razão vou contra. Estarei contra a ineficiência destes, a ausência de novidade noutros e vou percebendo que o dinheiro devia voltar à mão das pessoas. Quero ver reduzir os impostos e o Estado. Quero ver justiça no crime da PT, na falésia do BES e das suas muitas empresas falidas. Quero verdade num Estado que não paga, não cumpre, assalta, confabula e constrói diabos intermináveis. Sou um liberal com muitas preocupações sociais que se encontra sem rumo e o meu voto é esse navio livre, sem leme que avista a praia.

Por: Diogo Cabrita

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