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Uma ideia que não brilha

Hoje, a União Europeia provoca pouco ou nenhum entusiasmo à maioria dos europeus. Ao invés, espalhou-se uma sensação de inquietação, mal-estar, desilusão; as resistências são consideráveis e justificadas. As causas deste sentimento são muito diversas. A primeira, e talvez a mais grave, é a ignorância mútua dos povos europeus e a sua falta de simpatia recíproca e admiração. Isto, misturado com uma preocupante ignorância histórica, impede uma imaginação coletiva, uma “ideia de Europa”, uma projeção do futuro, capazes de mobilizar os europeus numa empresa comum.

A redução de tudo à economia também não ajudou nada. Os funcionários e burocratas que têm nas suas mãos a Europa e os políticos limitam-se a segregar regulações, normas, proibições. Enquanto teoricamente defendem a liberdade e a livre iniciativa, na prática condenam a espontaneidade, a imaginação, a variedade que sempre foram a riqueza da Europa.

Pela calada, e bem nas costas dos cidadãos europeus, os iluminados que nos têm pastoreado deram passos atrás de passos sempre com o argumento da inevitabilidade: completada a União Aduaneira (em 1967), era fundamental um mercado único (concretizado em 1993) e este não poderia sobreviver sem uma moeda única. Pelo menos, este é o discurso dos “sábios”, que também se estão, e sempre estiveram, nas tintas para a opinião do canalizador polaco, do operário alemão ou do pescador português.

Infelizmente, não basta que uma “ideia de Europa” brilhe na cabecinha de alguns iluminados, é necessário que brilhe em milhões de cabeças. Só assim o projeto europeu poderia aguentar todos os embates. Hoje, a “Europa” está mergulhada numa crise e desfaz-se em disputas, conflitos, questões mesquinhas. Desgraçadamente, no reino da economia, onde a “Europa” se acantonou, não é possível acender o entusiasmo num número suficiente de almas dispostas a lutar por uma “ideia”.

Por: José Carlos Alexandre

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