1. Apesar do frio, este é um período excecional na região. Fartos do inverno e ansiosos pela chegada da primavera, é o frio quem marca a época e, com ele, a animação própria do Carnaval. Entre feiras do queijo e de outros produtos locais e as festividades carnavalescas este é um período de grande atração de forasteiros e de dinamismo social e económico irrepetível no resto do ano (salvo o mês de agosto graças aos emigrantes). Por isso, compreende-se que haja em tantas vilas e cidades eventos no mesmo fim-de-semana ou na mesma semana, concorrenciais e que dividem população e visitantes. Ainda bem! Mau seria se tudo se concentrasse num só certame, sem variedade de oferta e limitador em termos de escolha. Quantos mais eventos houver, mais pessoas nos poderão visitar e mais satisfeitos os visitantes irão ficar.
E será assim também nos próximos dois fins-de-semana, com as festas da amendoeira: quanto mais dinâmica (e saudável concorrência) houver em Vila Nova de Foz Côa e Figueira de Castelo Rodrigo, mais turistas rumarão a esses concelhos e, em consequência, mais pessoas visitarão a região (por exemplo, a feira de fumeiro em Trancoso recebe todos os anos centenas ou mesmo milhares de pessoas que ali vão degustar e comprar enchidos na viagem de regresso depois de se deslumbrarem com a beleza das amendoeiras em flor).
Para uma maior dinamização e capacidade de atração de pessoas, os eventos que por estes dias se sucedem, merecem uma melhor e mais intensa promoção. A CIM tem obrigação de cooperar com as autarquias e definir um plano de comunicação ambicioso que vise a maior afirmação dos certames e festividades regionais a nível nacional e inclusive em Espanha. Quando se fala em turismo, tem de se saber o que se pode oferecer aos turistas, e a oferta cultural e gastronómica, associada aos produtos locais e à natureza devem ser a base de suporte de um turismo sustentável na região – e as festas e romarias acabam por ser um verdadeiro chamariz.
2. A teimosia do governo em manter a terça-feira de Entrudo como dia laboral é uma situação absurda e obtusa. Os privados gozam o feriado, as autarquias dão tolerância de ponto, as escolas estão de férias e a administração pública trabalha! Parte da administração pública… porque, de facto, a maioria dos serviços encerra ou trabalha a “meio-gás”. Esta situação singela não pode continuar. Entretanto, não fosse esta situação dúbia e estranha, haveria ainda mais gente a gozar estas miniférias na região… o que confirma que este é um período de grande dinamismo e atração de pessoas – sem concorrência das praias ou dos grandes eventos do litoral. Aqui, por estes dias, as pessoas vêm pelo melhor que a região oferece: a natureza, o ambiente, a tradição, a gastronomia, os sabores… (Na Guarda, erradamente, mudou-se o julgamento do galo para domingo, por, supostamente, assim poder receber mais gente, porém, o seu sucesso, não tenhamos dúvidas, aconteceria da mesma forma se tivessem mantido o evento na segunda-feira, véspera do dia de Entrudo. De resto, os foliões na Guarda gostam, sempre gostaram, de aproveitar a noite de carnaval à segunda-feira…)
Luis Baptista-Martins
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