Um espaço aberto ao diálogo e a toda a comunidade, que pretende desempenhar um papel activo na culturalização dos guardenses, onde não há temas tabus e tudo pode ser debatido ao sabor de um café. É assim que a Artelivre – Associação dos Artistas Plásticos da Guarda apresenta a sua próxima iniciativa denominada “Tertúlias Artelivre”. A partir de amanhã à noite, e nas próximas sextas-feiras, a associação promove debates no Café Central, na Guarda, com início previsto para as 21 horas. O primeiro tema em discussão promete ser “quente”, pois a sessão inaugural vai ser dedicada à maternidade, à pediatria e ao hospital Sousa Martins.
«Perante a apatia, monotonia, desinteresse e falta de participação dos guardenses» nas questões do quotidiano da cidade, como disse José Barreira Pires, presidente da colectividade, na sessão de apresentação do evento na última quinta-feira, a Artelivre decidiu juntar pessoas das artes e da sociedade em geral com o intuito de contribuir para o esclarecimento e informação artística e social, a par de criar hábitos de convívio próprios de cultura. A associação ambiciona convidar algumas pessoas de referência regional e nacional para este encontro semanal, nomes que ainda continuam no “segredo dos deuses”, embora Barreira Pires garanta terem sido desafiados para a primeira tertúlia «convidados de peso». Numa cidade «parada no tempo», onde as pessoas estão «desligadas» por «falta de actividades», a Artelivre pretende revitalizar o velho espírito da tertúlia, um antigo hábito e uma referência de um determinado período da Guarda. A intenção é a de cativar as pessoas para o debate de todo o género de temas, de âmbito nacional ou regional, que sejam da «maior utilidade para o desenvolvimento social», assegura Barreira Pires, esperando que este encontro seja realizado de uma forma «contínua e informal».
Desta forma, a iniciativa pretende dar um contributo no âmbito cultural e incentivar a consequente mobilização da sociedade guardense, mas «não é uma manifestação para derrubar ou criticar alguém», avisa o presidente da Artelivre. Contudo, as conclusões destas tertúlias podem ser traduzidas em efeitos práticos caso «as entidades e autarquias queiram beber dos nossos debates», pois, como acredita Barreira Pires, nascerão «certamente muitas ideias e sugestões» destes encontros. Para o presidente da mesa da Assembleia da associação, Crespo de Carvalho, este é um ciclo de «diálogos descomprometidos, sem palco, que pretendem ser críticos». De resto, o objectivo claro é colocar a sociedade civil «a pensar e a tomar atitudes», porque, como sublinha Crespo de Carvalho, na sociedade actual «há falta de oportunidades e não de interesse das pessoas».