Apesar da adesão não ter sido a mais desejada, o Movimento Cívico “P’la Criança” voltou a sair à rua para mostrar o seu desagrado pelo fecho da maternidade e pela escassez de pediatras no Hospital Sousa Martins (HSM). Entre pais, avós e alguns políticos, foram cerca de 50 os cidadãos que marcaram presença na concentração que decorreu na última sexta-feira nas ruas da Guarda. No Governo Civil foi entregue uma carta a «exigir a implementação de medidas urgentes», mas entretanto Fernando Andrade, responsável máximo pela Administração Regional de Saúde do Centro, já veio à cidade mais alta resolver o problema, pelo menos, por enquanto.
“A Guarda precisa de pediatras” e “Urgente – A maternidade não pode fechar” eram as mensagens que se podiam ler em duas tarjas transportadas por várias crianças desde a entrada do Parque da Saúde até ao Governo Civil. Em relação à pouca adesão manifestada pela população, Pedro Nobre, porta-voz do Movimento “P’la Criança”, reconheceu que estava à espera de mais: «Admira-nos efectivamente que estejam cá poucas pessoas porque o “feed-back” que temos tido por parte da população é de grande apoio a esta iniciativa», diz, sublinhando «não aceitar as desculpas» do frio ou da manifestação ter sido realizada à tarde em horário laboral. Perante a «gravidade da situação», o movimento cívico resolveu agir «para tentar alertar a quem de direito para que este problema seja resolvido com carácter definitivo», diz. Nobre realça que é necessário resolver o problema da falta de pediatras de uma vez por todas. «Não pode existir uma Obstetrícia sem pediatras», realça, recordando que a luta do movimento tem sido desde o início pela vinda de mais pediatras para a Guarda. O movimento promete «não desistir» e continuar a lutar para que «possamos dar aos nossos filhos as condições de saúde que merecem», destaca.
«Exigimos que por parte do Ministério da Saúde seja repensada a distribuição dos actuais recursos, concretamente de pediatras. Não é justo que 64 por cento dos especialistas existentes no país estejam concentrados na zona de Lisboa que não tem 64 por cento da população portuguesa», acusa. Desta forma, caberá ao Ministério repartir os recursos disponíveis de uma forma «mais correcta e justa» para que o distrito da Guarda não deixe de ter serviços que eram «referência até agora, como o da Obstetrícia». De resto, o HSM tem mais nascimentos do que os outros hospitais do interior, daí que «mereça ter esse serviço com todas as valências a funcionar em pleno», assevera. António Morgado, presidente da Câmara do Sabugal, foi o único autarca que respondeu ao apelo do Movimento Cívico “P’la Criança” por também estar preocupado com a maternidade. «Quando há um serviço que dá apoio aos jovens – o futuro de amanhã – que pode fechar, é evidente que qualquer cidadão do distrito da Guarda não pode concordar com este tipo de situações», sublinha. Entre alguns dos responsáveis políticos presentes estiveram também António Saraiva (PS) e Honorato Robalo (PCP). O presidente da concelhia da Guarda do Partido Socialista sublinha ser necessário que as pessoas se unam «em volta de um objectivo e esqueçam tudo o resto», nomeadamente as cores partidárias. Já o dirigente do Partido Comunista Português da Guarda realçou a importância da população da Guarda se manifestar «num amplo movimento supra-partidário», afirmou.
Ricardo Cordeiro