A população do Ferro, Boidobra e Peraboa vão ter acesso à Covilhã pela A23 através do nó do Ferro, uma pretensão há muito desejada pela Junta de Freguesia da Boidobra e os populares. Depois de várias insistências e pressões do autarca da Boidobra e do presidente da Câmara da Covilhã, o Instituto de Estradas de Portugal (IEP) acabou por permitir a construção daquele nó de ligação à sede do concelho. A decisão foi divulgada na semana passada, depois do IEP ter informado a autarquia de que já tinha notificado a Scutvias para a construção daquele nó previsto no projecto inicial, mas que foi chumbado pelo Instituto do Ambiente.
«É uma boa notícia», desabafou Carlos Pinto, esperando agora que a empresa concessionária da A23 possa fazer a obra «o mais rápido possível» por ser uma via «importante» para as freguesias de Peraboa e do Ferro, bem como para todos os agricultores daquela área. Por sua vez, José Pinto, presidente da Junta de Freguesia da Boidobra, considera que esta “luz verde” do IEP representa «uma vitória» depois da luta «incansável» travada no ano passado para que o nó fosse construído. E tal como o autarca covilhanense, espera que os 1.500 metros de estrada que ligam o nó à Quinta Branca sejam «uma realidade a curto prazo». Porém, o desejado nó do Ferro continua ainda a ser uma miragem. Matos Viegas, administrador delegado da Scutvias, assegurou a “O Interior” que a empresa «não irá gastar dinheiro da sociedade numa obra que pode ser ilegal», visto que ainda não recebeu qualquer despacho ministerial para que aquele nó seja construído. «Temos um despacho que aprova a obra sem o nó do Ferro. Não vou sozinho alterar esse despacho e não é um director-geral do Ambiente ou do IEP, ou um presidente de Câmara, que vão dar autorização», adverte o responsável. Além disso, acresce o facto daquele nó ter sido «chumbado» pelo Ministério do Ambiente no projecto inicial. «Não somos contra a obra», ressalva Matos Viegas, que estranha o facto do IEP ter aprovado uma ligação que tinha sido chumbada.
Mas para José Pinto não haverá retrocesso, «a não ser que o Governo não permita a obra», diz, acreditando, no entanto, que «desta vez a coisa vai». É que, segundo o autarca, o levantamento topográfico para a construção da estrada já começou a ser feito em Fevereiro, pelo que só os «custos» da obra é que poderão inviabilizá-la, supõe. Para o autarca, não existem problemas ambientais com a construção daquela via, invocando uma notificação do Instituto do Ambiente segundo a qual tinha sido a empresa a fazer os estudos de impacto ambiental. Polémicas que deixam antever uma forte discussão à volta do processo. Entretanto, José Pinto só descansará quando a obra estiver pronta, lamentando apenas a falta de empenho dos autarcas das freguesias vizinhas (Peraboa e Ferro) na reivindicação do nó.