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Uma mulher de armas

De directora da Casa da Cultura a agricultora

Quem olha para Nina Tsubylska não imagina a história que acompanha esta ucraniana de 49 anos de idade. Abandonou o seu país há dois anos, onde era directora de uma Casa da Cultura, em busca de uma vida melhor, tal como a maioria dos imigrantes. «Com a divisão da ex-URSS, a vida tornou-se muito complicada, os preços eram altos e os salários baixos», conta, para além de ser divorciada e precisar de dinheiro para ajudar os dois filhos, principalmente aquele que estava a estudar música na universidade. O ex-marido negou-se a ajudar financeiramente, tendo em conta que já tinha constituído outra família.

Obrigada a sair de casa aquando do divórcio, partiu em busca de um local onde pudesse começar do zero. Deixou para trás a mãe, os dois filhos (um rapaz de 23 anos e uma rapariga de 26 anos), dois netos, nove irmãos e «muitos, muitos» amigos graças à ajuda de um amigo que lhe emprestou mil euros para vir para Portugal. Terra onde havia «bom clima e muita boa gente». «O que é verdade», acrescenta, tendo em conta que já tem «muitos amigos na Fatela, em Valverde e no Fundão». Mas nem tudo foram rosas. Além de uma viagem de quatro dias de autocarro, Nina enfrentou ainda a exploração da máfia ucraniana em Portugal e condições de vida muito desumanas. Mas conseguiu escapar e encontrou no Fundão o local ideal para refazer uma vida. Para além da simpatia, Nina Tsubylska é também caracterizada pelo dinamismo e empenho que emprega em todas as suas actividades. Trabalha numa quinta local, onde aprendeu a podar e a vindimar «em apenas meio-dia», mas faz ainda limpezas quatro horas por semana na casa de uma senhora, local onde habita. Dos 500 euros que recebe, Nina envia a grande parte para os filhos e para as associações culturais e sociais da Ucrânia, tendo já disponibilizado uma pequena ajuda monetária para a realização da festa do ex-combatente, a 9 de Maio.

O restante vai juntando para poder trazer a família para cá. Sempre sensível às questões culturais, Nina Tsubylska frequenta o Rancho da Casa do Povo da Fatela. Está a aprender o folclore e os cantares tradicionais portugueses e os instrumentos típicos, como o acordeão, para poder levar para a Ucrânia quando for de férias. O objectivo é mesmo criar um intercâmbio cultural entre a sua terra natal e o Fundão, principalmente entre a aldeia da Fatela, praticamente um caso único em toda a Beira Interior. Depois de terem sido bem recebidos pela população local, os imigrantes, vindos da Rússia e da Ucrânia, decidiram fazer uma festa de agradecimento em Novembro passado, contando com o apoio da Junta de Freguesia para esclarecimentos e cedência de espaços para acederem à Internet e «todo o tipo de apoio que necessitarem», salienta o autarca da localidade, Nuno Garcia.

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