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Como medimos o tempo?

Mitocôndrias e Quasares

Há diversos aspetos do tempo que são psicológicos e fisiológicos. Assim, o tempo parece passar mais devagar quando estamos doentes do que quando estamos de saúde, quando sentimos dores do que quando não as sentimos, quando estamos tristes ou aborrecidos do que quando estamos felizes e ocupados, quando fazemos algo de que gostamos. Seja como for, e independentemente do facto de umas vezes o tempo parecer arrastar-se e outras vezes voar, não há duvida de que o tempo avança sempre. Mais do que isso, todos temos a sensação que existe um aspeto objetivo do tempo, que é independentemente do modo como o sentimos, do nosso estado de espírito ou corpo. Todos temos a sensação de que o tempo progride realmente a uma velocidade constante e que não se altera. É este tempo físico que nos interessa medir.

Imaginemos que não possuíamos quaisquer dispositivos para ver as horas, mas que precisávamos ainda assim de saber as horas. A forma mais lógica – na verdade, a única forma – de medirmos o tempo seria encontrar algum fenómeno que fosse regular e repetitivo e contar o número de vezes que ocorria. Um fenómeno deste tipo de que o homem primitivo se apercebeu, certamente numa fase muito precoce do seu desenvolvimento, foi a alternância dos dias e das noites. É fácil contar os dias e ninguém tem problemas em perceber expressões como “hoje”, “amanhã”, “ontem”, “três dias atrás” e “daqui a cinco dias”.

Mas contar os dias tornou-se pouco conveniente se pretendemos lidar com períodos de tempo mais longos. Um outro fenómeno que não é tão evidente, mas que também era conhecido na pré-história, são as modificações, noite após noite, do aspeto da Lua (as suas fases, de uma palavra grega que significa aspeto). A Lua passa de um crescente esguio para lua cheia, e desta de novo um crescendo esguio. Depois o processo volta a repetir-se. Um ciclo completo da Lua demora 29 dias e meio, e é conhecido como mês lunar.

A sucessão desses meses pode ser contada e usada para criar um calendário. O termo calendário provém da palavra latina para proclamação, porque os sacerdotes romanos tinham por hábito proclamar o inicio de um novo mês na noite em que um novo crescente aparecia no céu. Esse calendário é um calendário lunar, onde a palavra lunar, como é evidente, deriva do termo latino para Lua.

O mês lunar dura em média 29 dias e meio, com meses alternados de 29 e 30 dias. Doze meses eram quase suficientes para cobrir um ciclo da estação do ano: primavera, verão, outono, inverno e de novo primavera.

O ciclo das estações assinala a passagem de um ano completo. Este ciclo é um pouco mais complicado do que a sucessão dos dias e das noites ou o ciclo das fases da Lua, mas em média a sua duração é de 365,25 dias.

Na verdade, doze meses lunares não coincidem exatamente com o ciclo das estações do ano: doze ciclos de fazes da Lua correspondem apenas a 354 dias – faltando apenas 11 dias para se completar o ano. Isto significa que, de tempos a tempos, havia necessidade de acrescentar um décimo terceiro mês a fim de manter o ciclo dos meses a par do ciclo das estações. Isso era muito importante, porque o calendário indicava às pessoas as alturas em que deviam semear ou colher, quando deviam esperar chuva ou tempo seco, etc. Os Babilónios conceberam um sistema para juntar o mês adicional em determinados anos, que permitia manter o calendário lunar exatamente a par das estações. Esse calendário é ainda utilizado no Judaísmo com finalidade religiosas.

No Antigo Egipto, as cheias no rio Nilo constituíam um acontecimento da maior importância, pois permitiam que sobre os campos se espalhassem terras novas e muito férteis. As cheias tinham lugar a intervalos de cerca de 365 dias, e eram tão importantes para os Egípcios que estes não procuraram seguir as fases da Lua, definindo meses de 30 dias. Após doze meses, acrescentavam ao ano mais cinco dias e recomeçavam a contagem. O seu calendário era um calendário solar.

Por fim, o calendário egípcio foi adotado ao longo do ano e, uma vez que o ano tinha a duração de 365, 25 dias, cada quatro anos havia um ano com 366 dias. Esse é o calendário que ainda hoje usamos, com algumas pequenas alterações.

Por: António Costa

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