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Santos e Populares

Crónica Política

A Guarda parece que vive dias onde tudo é possível. Diria mais, o regresso ao passado é perder o crescente dinamismo que a cada dia vamos vivendo, coisas simples, arrojadas e que parecem tão fáceis de exequibilizar que nos fazem dizer “porquê só agora!!!”. Assistimos a uma “reconstrução” e um “redesenho” da cidade que, por vezes, se vê impossível com a correlação do já existente. Somos envolvidos com sucessivos apelos à solidariedade urbana, à qual a recente iniciativa, “Santos do Bairro, 8 Noites 8 Bairros”, que marcou esta época dos santos populares se revestiu de um bairrismo saudável. Um idealismo que deve ser valorizado mas que em nada responde aos reais e legítimos anseios dos guardenses… investimento que gere empregabilidade.

Reconhecer coisas tão evidentes não é difícil nem significa desvalorizar qualidades e méritos do atual presidente da Câmara da Guarda. Mas a cidade necessita de Mais Futuro que dê sentido aos sacrifícios que estão a ser impostos aos guardenses e que seja traçado um caminho, com estratégia e seja capaz de mobilizar os guardenses a acreditar, para o alcançar.

Palavras de força, sempre presentes nos discursos, são boas! Na passada semana ouvimos “queremos o hospital com estatuto de ensino universitário”, mas tenhamos calma! Fez agora um ano, 24 de julho de 2013, que o Centro Hospitalar da Cova da Beira conquistou o estatuto de hospital universitário, foi um processo moroso e difícil, mas com êxito. O certificado é válido por três anos e representa um reconhecimento internacional de uma unidade de saúde assistencial, de ensino e investigação que cumpre os mais elevados padrões de qualidade exigidos pela Joint Commission International (JCI). Porém, esta acreditação deveria ser muito mais, ela deverá ser uma alavanca para reforçar consórcios formativos formados pelos hospitais da Guarda, Covilhã e Castelo Branco, que de forma isolada não conseguem obter idoneidade formativa em determinadas áreas, dado que não têm especialistas em número suficiente para assegurar a formação, mas em conjunto conseguirão dar resposta a esse critério e abrir mais vagas para médicos internistas, nomeadamente para os que estudam na Faculdade de Medicina da Covilhã. Ora não será isto que devemos interpelar, exigir, conquistar, temos que fazer o exercício de funil, pois querer tudo, não dá nada!. Neste exercício de funil, devemos fazer com o auxílio de quem sabe, qual é a nossa área, onde temos o rácio exigido, nestes critérios de qualidade, a generalidade não nos ajuda, a generalidade vai dispersar e não atrair, lutemos antes por onde podemos crescer e marcar diferença, ouçam-se os especialistas e depois agem os políticos, pois levantar bandeiras só por si não diz que queremos mas o trabalho incisivo, profissional pode mostrar que sabemos. Vamos antes por aqui… é melhor!

Há precisamente um ano gerou-se uma forte crise política conhecida como a “demissão irrevogável” de Paulo Portas. Na semana passada houve nova efeméride da crise política, o ciclo repete-se, anuncia-se a saída do presidente do CDS-PP para 2015 com a indicação de não acordo pré-eleitoral para as legislativas de 2015, entre o PSD e o CDS-PP como aconteceu com as europeias, onde se evidenciou o pior resultado de sempre. A mensagem não está a passar e os arrufos estão de novo a importunar e a beliscar o que se pretende transmitir como coesão!!!! Para este cenário o presidente do CDS-PP e vice-primeiro-ministro escolheu a Guarda para fazer comentários e agora de “irrevogável” acrescentamos a “silly season” invocada por Paulo Portas com fruto da época do ano. Assim, refere que a notícia avançada por um jornal nacional se antecipa a esta fase do ano, de verão, onde numa tentativa de eliminar a ausência de notícias se criam notícias e acrescenta ainda, num contexto de Santos Populares, em tom de resposta: “Alto e para o baile. Quem diz quem são os políticos que ficam e os políticos que saem em outubro de 2015 é o povo português, quando em eleições escolher”.

Na verdade, é preciso estarmos atentos e primarmos pelas boas notícias avançadas pelo democrata-cristão. Com base nos dados sobre a confiança económica publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a confiança dos consumidores continua a subir e atingiu este mês o ponto mais elevado, o desemprego está a recuar, as exportações subiram e o turismo “teve o melhor ano de sempre em 2013”.

Neste cenário, o presidente do CDS-PP e vice-primeiro-ministro apelou ainda à consciência política de todos, reforçando a satisfação nos resultados que se estão a atingir afirmando “Isto é muito importante. É a confiança que traz investimento, é o investimento que gera emprego”. Terminou dizendo “Assim a política esteja à altura do que a economia e as empresas estão a conseguir fazer no nosso país”, fica apenas uma observação e os portugueses como estão? Serão estes indicadores sinais, ainda nublados, de mudança!!!!! Mas …. Pires de Lima, ministro da Economia do CDS afirmou (depois de Paulo Portas ter estado na Guarda com este discurso) à TSF que “é indesejável” aumentar impostos… afinal o que sabe o ministro que o vice-primeiro-ministro não disse? Ah estamos na “silly season”.

Por: Cláudia Teixeira

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