O edifício do “Bacalhau”, onde funciona a escola profissional Ensiguarda, está à venda por pouco mais de 1,2 milhões de euros, o preço base de licitação. O imóvel é um dos bens da massa insolvente da Gonçalves & Gonçalves que vão à praça no próximo dia 15 e será vendido à melhor proposta apresentada em carta fechada.
Se esta venda for concretizada, a Ensiguarda poderá vir a ter que procurar novas instalações para começar o próximo ano letivo, a não ser que a Fundação Augusto Gil – cujos parceiros neste projeto são a Câmara da Guarda e a Associação Comercial – entre na corrida pela aquisição do edifício ou negoceie a continuidade da escola com o novo proprietário. Contactado por O INTERIOR, o diretor da Ensiguarda, Nuno Silva, escusou-se a falar sobre o assunto. A venda do imóvel acontece depois da autarquia, já sob a presidência de Álvaro Amaro, ter denunciado o contrato de arrendamento e compra do “Bacalhau”, situado na Rua Comandante Salvador do Nascimento. Na altura, o sucessor de Joaquim Valente teceu duras críticas ao negócio feito entre o executivo socialista e a Fundação Augusto Gil, presidida por Marília Raimundo. Álvaro Amaro considerou mesmo tratar-se de um contrato «leonino», tendo em conta os dois mil euros de renda por mês no primeiro ano e o compromisso da Câmara adquirir o edifício. Caso contrário, passava a pagar 25 mil euros mensais.
Contudo, o município não exerceu o direito de compra, mas pagou 70 mil euros de rendas e fez obras no valor de 400 mil euros para a Ensiguarda se poder instalar no edifício. O problema é que, posteriormente, a Câmara já não tinha dinheiro para adquirir e ceder o “Bacalhau” à escola profissional. Em janeiro deste ano, os vereadores do PS admitiram que «o contrato era ruinoso», mas manifestaram a sua preocupação pelo futuro do projeto, tendo em conta que num protocolo de 2006, celebrado entre as partes, competiria à autarquia garantir instalações para o funcionamento da escola. «A Ensiguarda não terá capacidade para adquirir o edifício pelo que a sua continuidade poderá estar em risco. São cerca de 500 pessoas, entre alunos, professores e auxiliares, é um projeto demasiado importante para a economia local», afirmou na altura Joaquim Carreira. Na resposta, Álvaro Amaro garantiu que a Câmara já cumpriu a sua parte: «O município da Guarda investiu mais de 500 mil euros no ensino profissional com as obras levadas a cabo no “Bacalhau”», sublinhou, dando o assunto por encerrado.
No entanto, sempre avisou que se o assunto tiver que ser resolvido nos tribunais, ou se o imóvel for comprado por terceiros, «tentaremos reaver o dinheiro ali investido». Mais recentemente, o autarca anunciou que a massa insolvente da Gonçalves & Gonçalves acionou judicialmente a autarquia para exigir o pagamento de cerca de 900 mil euros de rendas em atraso naquele edifício.
Luis Martins