Não era habitual encontrar uma ave-do-paraíso na Guarda: até segunda-feira. O pássaro, caraterístico de certas zonas tropicais, está desenhado no muro junto à bilheteira do Teatro Municipal. «Costumo retratar pássaros raros e aqui está uma ave-do-paraíso, comum na Oceânia», disse a O INTERIOR o brasileiro Luís Gustavo Martins, mais conhecido na “street art” como L7M. «Procuro trabalhar a consciencialização da natureza, mostrando também espécies que as pessoas não conhecem», contou o artista, natural de São Paulo.
Mais fácil de encontrar no nosso país é o abelharuco, o pássaro que o jovem, de 27 anos, mais gosta de desenhar: «Gosto muito das cores dele, por vezes até faço de “cor” porque já olhei para ele muitas vezes», garante L7M. Esta foi a primeira vez que o brasileiro esteve na Guarda e, quando lhe perguntamos do que mais gostou, a resposta é surpreendente: «Dos lugares abandonados, pois acho que dariam boas pinturas», defende. «As pessoas estão habituadas a ver arte de rua nas capitais, mas acho que os artistas têm de pintar no interior do país», sublinha Luís Gustavo Martins, até porque «o contacto ajuda a quebrar com o preconceito».
Nas últimas semanas, o reconhecido artista de rua pintou em vários pontos do país, sempre à descoberta de novos locais e culturas aos olhos da arte, pois «gosto de conhecer os pássaros, os lugares e procurar referências e inspiração fora do meu país», confessa o jovem. Este não é o primeiro trabalho na cidade mais alta, mas os restantes «não são fáceis de ver, pois estão em locais abandonados», pelo que a oportunidade de pintar no muro do TMG lhe permite chegar aos fãs guardenses, que costumam acompanhá-lo pelo Facebook. «Gosto que vejam para além da pintura e da beleza, que sintam o trabalho de alguma maneira, como se mexesse e falasse com as pessoas», descreve L7M. Segue-se agora o Luxemburgo, a Alemanha e, «provavelmente», Londres, sendo que o regresso ao Brasil já “anuncia” uma nova “tour”.
A iniciativa surgiu depois da «proposta de um artista aqui da Guarda, o Desy, que achámos por bem aproveitar, vai ficar aqui um marco de um artista reconhecido internacionalmente», indica Victor Afonso. Para o programador do TMG, a arte de rua «enriquece o exterior do teatro, mas também dá visibilidade a um tipo de arte importante».
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Sara Quelhas