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As beiras e o(s) aeroporto(s)

Os erros, e por consequência as desculpas, devem evitar-se. Mas não parece ser este o caso na recém criada Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela – CIMBSE, que começa da pior forma e dando o pior dos exemplos: move-se por bairrismo e falha na fundamentação das decisões tomadas.

Refiro-me às notícias sobre a construção de um aeroporto na Covilhã com o apoio dos restantes municípios da CIMBSE e financiamento comunitário e/ou da Administração Central. Passo a citar o “Notícias da Covilhã” online de 29-01-2014:

«Vítor Pereira [presidente da Câmara da Covilhã] sublinha a adesão dos restantes municípios que integram a Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela ao projeto, que consideram de importância regional, mas a possibilidade de a estrutura poder vir a ficar num outro concelho está afastada, de acordo com o edil».

Como em todas as decisões, aos munícipes que integram esta região é preciso que sejam dadas pelos políticos eleitos respostas, objetivas e sem demagogia, a três questões fundamentais: qual a necessidade, qual a racionalidade e qual a sustentabilidade da obra? Só depois de uma demonstração cabal destes pontos se deverá avançar.

Como se viu, não foi o caso. Primeiro, decidiu-se onde ficaria o investimento; agora está-se na fase de arranjar justificações. Sem que eles, políticos, o tenham feito como era sua obrigação, façamos nós agora exercícios simples para que os munícipes dos diversos concelhos em causa possam responder por si próprios a cada um dos três itens apontados.

À distância tempo de cerca de 45 minutos e de 65 km para Sul foi em Castelo Branco recentemente inaugurada uma pista com características de aeroporto. Para Norte, até Bragança e numa extensão de mais de 200 km e quase 3 horas de viagem não existe nada parecido. Ora, perante isto, parece que a lógica de fazer um novo aeroporto na Covilhã é igual à que decidiu a construção de pavilhões multiusos uns ao lado dos outros: não por qualquer razão objetiva, mas porque sim, porque os outros tinham.

Será funcional para um munícipe do extremo norte da CIMBSE ir à Covilhã apanhar um avião ou táxi aéreo para daí seguir para Lisboa ou Porto? Obviamente que não, pois nada adianta em tempo.

Não vou indicar uma localização alternativa para o dito aeroporto para que não me apelidem de bairrismo, mas de uma coisa tenho a certeza: a localização pretendida está errada e a obra é de dúbia necessidade! A ser construído um aeroporto na área geográfica da CIMBSE, este deve ser norteado por critérios de rigor e de necessidade e, portanto, é natural que se venha a concluir que a localização mais útil fica a Norte.

As comunidades, sejam de que natureza forem, não devem servir para favorecer caciques, nem para criar elefantes brancos. Devem ser, isso sim, plataformas para tomar decisões estruturadas que sirvam adequada e equilibradamente as regiões e o conjunto dos cidadãos.

Por: Acácio Pereira

Comentários dos nossos leitores
Victor Moura vbm@live.com.pt
Comentário:
E…(claro!!!)esqueces ou ignoras a estrutura existente(há largas dezenas de anos) em Pinhanços/Seia, com benfeitorias em curso, e que tem servido eficazmente no combate a incêndios e exercícios da força aérea…
 

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