Há 99 alunos nos cursos vocacionais que arrancaram este ano letivo nas escolas secundárias Afonso de Albuquerque e da Sé, na Guarda, na Secundária Gonçalo Anes Bandarra, em Trancoso, e na Secundária Campos de Melo, na Covilhã. Estas são quatro das nove escolas da região com estes cursos, entre as quais duas do ensino básico.
Segundo a portaria nº 292-A/2012, os cursos destinam-se a alunos (com mais de 13 anos), que tenham duas retenções no mesmo ciclo ou três em ciclos distintos – a experiência-piloto, lançada em 12 escolas em 2012, foi alargada em setembro. É o caso do Agrupamento de Escolas Afonso de Albuquerque, que tem uma turma do 3º ciclo com 29 alunos na escola-sede, sendo que o programa integra as áreas de empregado de mesa e bar, reparação de equipamentos informáticos, assistente comercial, jardinagem e espaços verdes, design de equipamento e análises laboratoriais. «Trata-se de um curso vocacional genérico, de prestação de serviços, de dois anos», refere Adalberto Carvalho. O presidente da CAP (Comissão Administrativa Provisória) adianta que «é um ano experimental, dá para retirar algumas lições, nomeadamente que as turmas não podem ter mais de 22 alunos», sobretudo devido ao mau comportamento em aula. «Por vezes proveem de famílias desestruturadas, tivemos um arranque problemático a nível de comportamento e assiduidade», admite.
Contudo, «tomámos medidas e estratégias que permitiram controlar a situação, também porque agora estão nos estágios e eles gostam é da parte prática», defende o diretor, sublinhando que «é cedo para fazer um balanço». Após a conclusão do curso, os alunos podem regressar ao ensino regular (após aproveitamento nas provas finais nacionais), prosseguir no ensino vocacional ou, no caso do 3º ciclo, seguirem o ensino secundário profissional, o que para Adalberto Carvalho é a melhor opção: «O ensino regular está perdido», considera, reiterando que, «se eles assim quiserem, o melhor caminho será o profissional, mas, se não quiserem, nada podemos fazer». «Há áreas profissionais com ofertas de emprego, mas o ensino profissionalizante ainda não está valorizado, há um certo estigma e por vezes foge-se a esses cursos», lamenta o docente.
Balanço positivo em três escolas
Também na Guarda, a Secundária da Sé tem uma turma com 30 alunos. «A componente vocacional está dividida entre as áreas de informática, mecânica e eletricidade», informa José Carvalho, vogal da CAP do Agrupamento de Escolas da Sé. O balanço dos primeiros seis meses do curso, que tem a duração de um ano letivo, é «claramente positivo, uma vez que é uma oportunidade de conclusão do ciclo de estudos», o que é «comprovado pelo bom aproveitamento alcançado pelos alunos». Quanto a eventuais problemas, o docente é perentório: «Esta turma não apresenta problemas específicos», garante. Já na Secundária Gonçalo Anes Bandarra, em Trancoso, há uma turma de 21 alunos num curso vocacional de dois anos (3º ciclo). «É positivo, pois a componente prática ajusta-se à tipologia de alunos para que são direcionados, motivando-os mais», considera o diretor Carlos Delgado. Ainda assim, «há alguma dificuldade em inserir estes alunos, com a idade e nível de maturidade que apresentam, em empresas para a realização da prática simulada em ambiente de trabalho», alerta o professor.
Na Covilhã, a Secundária Campos de Melo é uma das três escolas do concelho que têm cursos vocacionais, contando com 19 alunos, que estudam as áreas de artes manuais, eletricidade e receção. «Até ao momento o balanço é positivo, pois têm aderido às atividades e, na generalidade, concluído com sucesso os módulos realizados», refere a diretora Isabel Fael. Os principais problemas são «a heterogeneidade dos alunos, provenientes de diferentes escolas, com regras distintas e dificuldade de adaptação ao regulamento da ESCM», assim como o «contexto económico e familiar de proveniência», aponta a docente.
Sara Quelhas