A explicação de Dalton das leis da composição constante e das proporções múltiplas implicava certamente que os átomos dos elementos tinham pesos diferentes. Com a finalidade de determinar o valor destes pesos relativos, Dalton necessitava da fórmula correta para os elementos combinados. Visto que não existiam experiências definitivas para o ajudarem, Dalton decidiu fazer algumas suposições. Admitiu, a menos que houvesse uma razão específica para pensar de outro modo, que os elementos num composto simples se combinavam na base de um átomo para um átomo.
Outras combinações dos mesmos elementos seriam nas razões mais simples possíveis, tais como de um para dois. Esta regra tornou-se conhecida como a regra da simplicidade, de Dalton. Como um exemplo, Dalton assumiu que a fórmula da água era HO. Visto que os dados para a água mostrava, que 8 g de oxigénio (o valor experimental na época de Dalton era mais próximo de 7 g) se combinavam com 1 g de hidrogénio, Dalton atribuiu um peso relativo de 8 g para o oxigénio, Usando este tipo de raciocínio, Dalton publicou a primeira tabela de pesos atómicos relativos dos elementos.
Não foi sem dificuldades que se publicou a tabela de pesos atómicos relativos. As inexatidões dos resultados experimentais e as fórmulas que eram propostas causaram erros no trabalho de Dalton. Infelizmente, Dalton mostrou-se relutante na correção dos seus erros. Mesmo quando o trabalho de outros cientistas como o Joseph Louis Gay-Lussac e Amedeo Avogadro sugeria processos para a correção das suas fórmulas químicas e pesos relativos, Dalton preferiu ignorá-los ou considerar o seu trabalho como incorreto. Devido à oposição de Dalton às correções ao seu trabalho, inexatidões e incertezas acerca de fórmulas moleculares e pesos relativos perduraram por quase 50 anos depois de a sua teoria ser publicada. Apesar das suas imperfeições, a tabela de pesos relativos de Dalton foi uma pedra importante no desenvolvimento da química como uma ciência quantitativa. Introduziu a importância do peso como uma caraterística de um elemento, e encorajou outros cientistas a realizarem experiências quantitativas para determinar valores mais exatos para os pesos dos átomos.
Ainda hoje esta vontade de determinar valores cada vez mais exatos para os corpúsculos atómicos está bem presente, ao ponto de uma equipa de físicos ter conseguido determinar com uma precisão jamais atingida a massa do eletrão (partícula subatómica).
Descoberto em 1897 pelo físico britânico Joseph John Thomson, o eletrão é um dos mais importantes componentes da matéria. Thomson tinha estimado que era pelo menos mil vezes mais leve do que o ião de hidrogénio (constituído apenas por um protão), o objecto mais leve conhecido na altura. Mas ainda estava longe da conta! Os dados agora revelados mostram que a massa do eletrão é 0,000548579909067 unidades de massa atómica. Trata-se de um valor sem significado para muitos de nós… mas se pensar que é 13 vezes mais preciso do que o valor adotado em 2010 pelo CODATA (Comité de Dados para a Ciência e Tecnologia), organismo que promove a utilização dos valores mais precisos das constantes físicas, já percebemos o grau de evolução na precisão desta nova medição.
Mas será que com esta nova medição o ganho para a ciência é significativo? Os investigadores acreditam que sim, na medida em que este novo resultado deverá permitir testes mais finos da precisão do “Modelo Padrão” da física das partículas, modelo que explica como a matéria interage entre si.
Por: António Costa