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«O último ano e meio tem sido incrível»

João Neca integra os Gambozinos e Peobardos, que atuam hoje e amanhã no TMG

Aos seis anos já debitava poesia em cima de um pipo de vinho. João Neca, de 25 anos, é natural da Vela (Guarda), onde se apaixonou pelo teatro na “Taverna En(Cantada)”, em que «participavam cerca de 70 pessoas da aldeia e que esteve em cena de 1995 a 2004, com mais de 60 espetáculos», recorda o jovem.

Depois surgiram os Gambozinos e Peobardos, grupo do qual o ator e encenador, que reside em Palmela, faz parte. «Temos quase nove anos e continuamos a criar espetáculos de forma regular», adianta, salientando que «o percurso é feito de encontros tão intensos e inesperados que nos transformam a cada projeto». O grupo da Vela já criou 10 peças, a última das quais “Siameses”, construída a partir dos contos de Mia Couto, está hoje e amanhã no TMG. «O último ano e meio tem sido incrível», constata, referindo-se a projetos como o festival “Argonautas” ou “Entre o Céu e a Terra”. Paralelamente, o encenador está a trabalhar no Teatro O Bando (Palmela), enquanto dois dos seus colegas da Vela estão no ACERT de Tondela como atores: «Saber que o Pedro e o António têm corrido o país todo, e não só, com produções da dimensão de “A Viagem do Elefante”, é uma das sensações que mais me preenche», confessa o criativo, mestre em Estudos Artísticos pela Universidade de Coimbra.

De momento, os Gambozinos e Peobardos estão a preparar o terceiro “Argonautas”, um espetáculo novo (com encenação de João Neca) e voltarão a receber o Teatro O Bando: «Que a nossa dor de cabeça fosse sempre ter muito teatro para fazer», ironiza o artista. «Este devia ser o tempo dos “porquês” e é o tempo do “vai-se andando”», atira, criticando os «ataques que estão a ser feitos à nossa identidade cultural». O objetivo é crescer para voltar e desenvolver um trabalho artístico e cultural na cidade mais alta, a partir da Vela, que passa também «pela perceção da importância do nosso trabalho enquanto dinamizadores da região», sublinha João Neca, ressalvando que «a Guarda é um bom exemplo, em comparação com outras realidades culturais». «Isso, na boca de muita gente, parece que é mau e, em vez de nos fortalecer, mata-nos por dentro», vinca, adiantando que esta é uma das linhas de força do próximo espetáculo.

Sara Quelhas O jovem trabalha no Teatro O Bando (Palmela) na parte de Comunicação e Programação

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