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Álvaro Amaro “aperta” socialistas na Assembleia Municipal

Maioria aprovou nova estrutura orgânica da Câmara, numa sessão que ficou marcada pelo frente-a-frente João Pedro Borges-Álvaro Amaro

A PLIE, o Hospital Sousa Martins e o Aquilo Teatro estiveram em destaque na Assembleia Municipal da Guarda, realizada na passada quinta-feira. Nesta sessão foi também aprovada, por maioria, a nova estrutura orgânica da Câmara, que passa a ter seis chefes de divisão e nove coordenadores técnicos, e acaba com a mobilidade especial de 19 funcionários. Alguns deputados do PS votaram ao lado da maioria, enquanto os restantes abstiveram-se, tal como os dois eleitos do Bloco de Esquerda. Contra só mesmo os dois representantes da CDU.

A contratação do Aquilo Teatro, por ajuste direto e por 41,8 mil euros, para organizar as atividades do Carnaval motivou uma acesa troca de palavras entre João Pedro Borges e Álvaro Amaro. O socialista quis saber como e porquê foi escolhido o grupo de teatro da cidade, ao que o presidente respondeu que a decisão resultou de uma consulta ao mercado, «como a lei obriga, a três entidades e ganhou uma da Guarda, ainda bem!». Mas o social-democrata aproveitou a interpelação para dar um exemplo do que aconteceu «no reinado autárquico» do PS: «“O julgamento e morte do Galo” foi candidatado em tempos ao “Mais Centro” para 2011, 2012 e 2013, num investimento elegível de 249.998 euros, ou seja, 80 mil euros por cada carnaval. Mas a candidatura não foi admitida por incompetência», declarou Álvaro Amaro. Os dois voltaram a confrontar-se relativamente ao futuro da Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial (PLIE). Isto porque João Pedro Borges discorda da estratégia de vender os lotes a preços reduzidos. «Com esta opção, a Câmara negligencia fatores diferenciadores como a localização da cidade, as acessibilidades, as infraestruturas já existentes e o “know how” de empresas da Guarda na área dos componentes para automóveis e dos transportes», afirmou o deputado do PS.

Na resposta, Álvaro Amaro voltou a falar em «incompetência» do anterior executivo. «Tenho agora que rescindir contratos com empresas que o seu partido fez enquanto geriu a Câmara para definirem as estratégias mas que não venderam um lote de terreno. Só lhes pagarei se a lei me obrigar, caso contrário não veem um euro porque a estratégia da PLIE tive que a definir eu», sublinhou o presidente da Câmara. O tema do hospital foi introduzido pelo centrista Álvaro Estêvão, numa intervenção carregada de dúvidas e alertas. «Será que os responsáveis diretos deste processo estão mesmo empenhados na dinamização do novo hospital? Estará o Governo interessado em que abra com todos os seus serviços? Haverá interesse em fechar ou transferir alguns desses serviços? Haverá neste processo agentes infiltrados a fazer o jogo de outros interesses? Ou será que os reais objetivos ocultos de quem dirige são empatar adiar até os tempos condicionarem situações de não retorno procurando, até lá, ir anestesiando as nossas expetativas?», interrogou o deputado do CDS-PP.

João Pedro Borges desconfiou desta declaração e subiu novamente à tribuna para dizer que «o que nos deveria preocupar a todos era a defesa do resto do hospital e não dar algum espaço para o presidente da Câmara poder brilhar daqui por uns tempos». Álvaro Amaro insurgiu-se contra esta insinuação, recordando que «sempre disse» que a saúde é uma das matérias que deveria merecer «um pacto e o consenso» de todos os partidos. E por falar em consensos, o edil lançou o alerta relativamente aos resultados da auditoria externa às contas. «A Câmara da Guarda poderá precisar muito mais do que um programa cautelar para sanar as suas finanças. Se for preciso um resgate – e é isso que me atrapalha – terei que vos convocar para porem de lado as questões políticas e me ajudarem a decidir se saímos de forma limpa ou com resgate», avisou.

A Assembleia Municipal aprovou ainda uma moção da CDU para atribuição do nome “25 de Abril” a uma avenida, alameda, rua, praça ou largo da cidade, e outra do BE de apoio aos agricultores e produtores do Vale do Mondego afetados pelos incêndios florestais do verão passado e que ainda não receberam ajudas do Governo. Esta sessão ficou também para a história por ter sido a primeira transmitida em direto (áudio e vídeo) pela internet.

Luis Martins

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