Nação vira lata, nação de lata, gente no meio de tijolos crus, de favelas nuas, de falta de vergonha e de rios de usura, onde os bairros antigos se enchem de bons restaurantes, de sabores do mundo, de mulheres levianas buscando dinheiro, de pobres aos molhos procurando abrigo, sem casas, nas ruas, nos jardins, nos bancos e nas portas dos bancos, onde a verdade é dura e ninguém a esconde. Meninas bonitas vendendo inocência. Inocência morta nas alcovas rodadas. Moram aos milhares em prédios invadidos, favelas verticais, e moram muitos mais nas ruas, as mães e os filhos, os drogados e os pedintes, os vendedores de uma desilusão. Uma cidade nação, um “Epigrama” de Gregório de Mattos e um vulcão ao estilo Kowloon. S. Paulo carregada de pessoas precárias é uma cidade rica e afortunada de negócios e uma cidade macerada de pobreza extrema. Gente de lata, buscando nos lixos sustento. Gente suja, dormindo na rua entre portões eletrificados marcando fronteiras. Nação cria gente cão que se alivia no passeio e dorme no chão. Nação doente prepara o Mundial do futebol.
Por: Diogo Cabrita