1. Atracaram na última sexta-feira junto as aguas calmas do Douro um bando de rapazes vindos da Escócia e como se esperava mostraram-se parcos em palavras, em clara sintonia com a sua recorrente música instrumental avessa a normalização comunicativa que se estabelece por verbalização. Esse horror à palavra foi levado ao extremo nesta sua prestação ao vivo por efeito de decalque do último “Happy Songs For Happy People” que serviu de mote a esta visita. Radicalizaram nesse disco por via de deformação tecnológica (distorção de voz) o quase significado da palavra, talvez como extensão cultural do imperceptível linguajar scotch. Mas todos nos já sabíamos ao que vínhamos, pois escutar o peculiar universo rock Mogwai é ficar retido de forma envolvente através de um crescendo meticuloso, que vai da tranquilizante nota sublime ate a erupção violenta de uma potente descarga eléctrica extasiante, mas só a espaços conseguiram esse efeito mágico como no esplêndido christmas steps. O que me ficou no ouvido foi antes uma desarticulação de intensidades, em que o jogo emotivo sofreu do defeito de sentirmos que os sons se neutralizavam a si próprios (tédio) e que afinal alguma coisa ficou por dizer.
Por: Bruno Reis
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