Nomes como Tim Burton ou Woody Allen, para quem já tenha visto mais filmes que os dedos que tem nas mãos, são nomes que não necessitam de apresentações. Filmes como «Annie Hall» ou «Eduardo Mãos-de-Tesoura», assaltam-nos de imediato a memória, deixando qualquer um com um daqueles sorrisos que apenas os nossos mais agradáveis prazeres nos causam. Mas, para além das memórias, qualquer filme de ambos os realizadores é normalmente garantia suficiente para que se não procure informação adicional antes de comprar o bilhete de cinema. No entanto, depois do desinspirado «Planeta dos Macacos», no caso de Burton, e dos mais recentes filmes de Allen, a roçar o banal, o melhor mesmo é mudar tais hábitos.
Com «O Grande Peixe» (na foto), muito tinha Tim Burton a provar aos seus fãs. Teria sido o seu anterior filme apenas um percalço, na sua até aí perfeita filmografia, ou seria o início de um novo Burton, rendido a um sistema no qual se tinha sempre colocado à margem? Se a questão é legítima, não é «O Grande Peixe» a melhor resposta para dissipar tais dúvidas. Ainda que em muitos momentos do filme nos reencontremos com o antigo Burton, maravilhoso criador de mundos fantásticos, como só ele sabe, é depois desconcertante depararmos com um outro Burton como nunca tínhamos visto antes: mais adulto e descuidado. A comovente busca pela verdade de um filho, que vê o seu pai morrer e que tenta, no pouco tempo que lhe resta, descortinar onde está afinal a verdade, no meio de todas as histórias que o pai sempre lhe contou, parece ter demasiadas «proporções míticas» para caberem em tão custo espaço fílmico.
Quanto ao nova-iorquino Woody Allen, se há já muito que não faz um filme ao nível daquilo que durante muitos anos nos habituou, nada nos preparava para o tão desinteressante «A Vida e Tudo o Mais». Um dos piores Allen de sempre!
Por: Hugo Sousa
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