Quem esperava ver finalmente reveladas no debate da última sexta-feira as razões que distanciam a Guarda de Castelo Branco na constituição de uma comunidade urbana, saiu defraudado (ou até deprimido, com aquilo que se ouviu). A discussão sobre uma comunidade na Beira Interior nunca vai ser honesta enquanto os autarcas que estão contra a união não disserem a verdade. Venham a público e digam aquilo que discutem nas vossas reuniões e admitem a muita gente, à “boca pequena”: não queremos uma comunidade urbana que junte os dois distritos, para não deixar a Covilhã no centro.
Até porque, por mais bacoco que seja o argumento, pelo menos não é tão ridículo quanto as idiotices repetidas no debate de “O Interior”, “Rádio Altitude” e “Rádio Covilhã” para o encobrir, como as de não haver afinidades entre a Guarda e Castelo Branco, de os cantares e a alimentação serem diferentes… invenções que se atiram para o grande público como se ele fosse mentecapto, coisas ditas por pessoas que depois são apanhadas em falso nas conversas para públicos mais pequenos. Eis a verdade. Portanto e acima de tudo, não andem a atirar (ainda mais) areia para os olhos de quem vos elegeu. A história mostra que é um caminho perigoso.
“Não consigo perceber”, dizia, de forma severa, o secretário de Estado, Miguel Relvas, após o debate no Hotel Turismo da Guarda. Não entendia as justificações dadas contra a união, até porque “o grande investimento que o país fez na A23 tornou mais próximo aquilo que estava distante”. Ilustrativo q. b.
A juntar ao medo de tornar a Covilhã na nova centralidade, o facto de Carlos Pinto, presidente da Câmara covilhanense e maior defensor de uma só comunidade, não gerar simpatias junto dos seus congéneres autarcas (pelo contrário), também não ajuda à união dos dois distritos.
E o nosso drama reside no facto de não termos autarcas (deveria dizer, estrategas?) capazes de passar por cima disto (discutindo-o a seu tempo) para conseguirem assegurar, desde já, um bom negócio com o Governo na reforma da descentralização. Mas, enfim, eles lá mostram o que valem. Só é pena nós só sermos consultados daqui por cerca de dois anos.
Por: Luís Fonseca, Director da Rádio da Covilhã e do DiárioXXI