Ministra das Finanças considera que caso irlandês mostra que programas de ajustamento «resultam».
A ministra das Finanças não afasta a possibilidade de Portugal poder seguir o exemplo da Irlanda quando acabar a implementação do programa de ajustamento e conseguir regressar aos mercados sem qualquer apoio financeiro suplementar por parte dos parceiros europeus.
«Neste momento não faz sentido descartar essa possibilidade», afirmou Maria Luís Albuquerque, em Bruxelas, no final da reunião do Eurogrupo que decorreu esta quinta-feira. «Temos sete meses ainda pela frente para concluir o programa, temos já sinais da parte do mercado de que as taxas poderão baixar», acrescentou a ministra, que não deixou de fazer uma ressalva: «Naturalmente que ainda há uma incerteza latente que continua a ter algum peso na evolução das taxas de juro, mas estamos a progredir».
A reunião dos ministros das finanças da zona euro foi marcada pelo anúncio do governo irlandês de que não tenciona solicitar qualquer tipo de apoio financeiro suplementar quando concluir o seu programa de ajustamento, no próximo mês de Dezembro.
O caso irlandês foi apontado pelo governo português ao longo dos últimos meses como o exemplo a seguir, em particular no que diz respeito à conclusão do programa. A expectativa era que Dublin recorresse a um «programa cautelar» do Mecanismo Europeu de Estabilidade, e a opção escolhida, o chamado “clean exit”, não deixou de provocar alguma surpresa. Portugal contava sobretudo com o precedente irlandês na hora de eventualmente negociar o seu próprio programa cautelar, algures em meados do próximo ano.
Além de repetir que é «prematuro» especular sobre as opções que Portugal poderá ter pela frente quando chegar ao fim do programa, Maria Luís Albuquerque optou por utilizar o argumento do precedente gaélico a seu favor, dizendo que este desenlace «demonstra essencialmente que os programas de ajustamento resultam» e que «desde que haja determinação na implementação das medidas, (…) se consegue reconquistar a confiança e a credibilidade dos mercados»: «Há de facto um caminho de sucesso que se percorre», concluiu, na linha aliás do que foi a mensagem do Eurogrupo no final do encontro.
Da mesma forma, o presidente do Eurogrupo considera que a decisão irlandesa não influenciará negativamente o caminho que resta percorrer a Portugal. «Não penso que influencie a decisão que ainda está pendente para Portugal», afirmou Jeroen Djisselbloem, que acrescentou que os instrumentos disponíveis no MEE, «os programas cautelares ou qualquer outro, estarão totalmente disponíveis para os países sob programa que no futuro saiam dos seus programas». Esta será uma decisão a tomar «país a país, caso a caso», concluiu o holandês.