A crítica musical e a dissertação sobre música quase nunca resultam na conversão de novas procuras porque são, quase sem querer, dirigidas automaticamente a pessoas propensas à pesquisa. Desta forma, acho que é necessário repensar a forma como se dá a conhecer música ao leitor.
Quem estiver a ler esta coluna só quer saber a resposta a uma pergunta: “o que devo ouvir nos próximos tempos?”. Pois bem, é a isso mesmo que nós, responsáveis por mostrar o que se faz de melhor nas áreas artísticas, devemos responder. Não é certamente com críticas escritas de nós para nós que educamos ou mostramos ao leitor comum o que deve ouvir. É certo que o leitor comum passará sempre por estas páginas sem as ler, mas, se você está a ler isto, parabéns, pois mostra que é uma pessoa interessada na actualidade cultural.
Recomendo-lhe três discos para os próximos 15 dias:
Darkside – Psychic:
O projecto paralelo de Nicolas Jaar com Dave Harrington estreou-se nos registos de longa-duração com “Psychic”. “Golden Arrow” é uma peça brilhante de construção minimal que merece ser ouvida vezes sem conta.
Oneohtrix Point Never – R Plus Seven:
Daniel Lopatin está de volta depois de “Replica” e do álbum conjunto que produziu com Tim Hecker: “Instrumental Tourist”. “R Plus Seven” é um ambiente menos introvertido do que no passado, por vezes quase dançável e mais longe do ambiente pesado que se criava em registo anteriores. “Zebra” é a peça a ter em atenção.
Julia Holter – Long City Song
A senhora que esteve na Galeria Zé dos Bois em Julho lançou agora o “Loud City Song” e é um disco que não pode passar despercebido. A voz mais inocente da música corrente está de volta após o enorme “Ekstasis” e já se diz por aí que este “Loud City Song” está bem cotado para ser um dos álbuns do ano. Ouvir “This Is A True Heart” com atenção.
João Gonçalves*
*Estudante de Gestão na Universidade de Coimbra (Twitter: @jpmgoncalves)
**O autor optou por não escrever ao abrigo do novo acordo ortográfico
Próxima semana: Diana Rafaela Pereira