A festa da Amendoeira em Flor começa dia 14 na região do Douro e termina a 7 de Março, mas este cartaz turístico por excelência antecipou-se este ano e as árvores já estão floridas desde Janeiro. Em Vila Nova de Foz Côa e Figueira Castelo Rodrigo, os autarcas temem mesmo que este subterfúgio da Natureza possa converter-se num «problema». As amendoeiras adiantaram-se assim aos turistas, que só deverão chegar a partir deste fim-de-semana.
Sotero Ribeiro, presidente da Câmara de Vila Nova de Foz Côa, receia este «pequeno problema» porque, invulgarmente, «as flores já floriram há algum tempo». As temperaturas de quinze graus registadas no Douro despoletaram o desabrochar das flores e, como existem determinados «condicionalismos», as datas das festividades não podem ser alteradas, explica. Também o autarca de Figueira Castelo Rodrigo, Armando Pinto Lopes, se debate com o mesmo problema, prevendo que no final deste mês o «espectáculo paisagístico seja menos magnífico do que em anos anteriores». Contudo, com o intuito de cativar o turista a deleitar-se com a paisagem florida, ambos os municípios promovem os seus cartazes turísticos de 14 de Fevereiro a 7 de Março com diversificadas actividades, apesar da data oficial para o início das festas em Foz Côa ser «somente no dia 21» como explica, apreensivo, o respectivo autarca. Quem não espera até lá é Figueira Castelo Rodrigo, onde, a partir de sábado, estão previstas várias iniciativas, nomeadamente em termos desportivos – com destaque para o 12º Grande Prémio de Atletismo “Amendoeira em Flor” a realizar no dia 21, musicais, económicos, culturais e recreativos.
Segundo Armando Pinto Lopes, este é um «cartaz turístico promovido por excelência», contudo, a maior preocupação recai na promoção da região «fora desta época». Na 20ª edição da “Quinzena da Amendoeira”, em Vila Nova de Foz Côa, os visitantes poderão também contar com várias actividades, nomeadamente a VI concentração “motard”, uma montaria ao javali, passeios de BTT e pedestres, torneios desportivos, feira franca, a tradicional Expoamêndoa, outros certames temáticos e diversos espectáculos musicais, destacando-se a presença de Adelaide Ferreira e José Cid. «Não é só uma questão de paisagem», argumenta Sotero Ribeiro. No ano passado, e segundo dados dos dois autarcas, terão passado por Foz Côa e Figueira de Castelo Rodrigo «20 mil pessoas». Todavia, Armando Pinto Lopes conta que esse foi um ano marcado por uma «ligeira diminuição, principalmente de excursões», esclarece, em virtude do desastre de Entre-os-Rios. Sendo a amendoeira uma árvore em vias de extinção, a Câmara de Figueira tem levado a efeito um processo de requalificação em terrenos baldios e propriedades suas, designadamente no ano passado: «Plantámos 600 amendoeiras, que representam um investimento a médio prazo, mas que queremos repetir este ano», refere o edil.
Lamenta, porém, a incapacidade de poder agir em determinadas encostas «que são privadas», o que estará a impedir um «maior embelezamento da paisagem natural» diz. Todavia, para o presidente da “Capital da Amendoeira”, título adoptado por Foz Côa, esta espécie «não está em vias de extinção apesar de haver, realmente, menos árvores». Tem havido, isso sim, uma conversão do amendoal na região, «só que é feita com espécies novas, logo a floração é diferente e não dá a flor tradicional» explica. De resto a autarquia tem feito «campanhas de sensibilização» junto dos agricultores e planta amendoeiras nos espaços públicos. No entanto, este fluxo económico sazonal, intrinsecamente relacionado com os turistas, reflecte-se principalmente na venda dos produtos regionais, como vinho, queijo e azeite, pelo que as cooperativas e alguns produtores locais sentem «um certo alívio financeiro», sublinha Armando Pinto Lopes.
Patrícia Correia