«Até parece que estas duas ruas não pertencem à cidade». Alguns moradores do Bairro Nossa Senhora dos Remédios, na Guarda, não calam a sua indignação ao verificarem que depois de tantos incómodos provocados pelas obras do projeto de regeneração urbana ali levadas a cabo, as ruas onde residem não foram repavimentadas. A situação provoca ainda maior descontentamento porque há uma artéria, que vai desembocar numa das que não foi requalificada, que recebeu um “tapete” novo de alcatrão.
A Rua Fernando Lopes Graça interceta com as Ruas Senhora Curie e Agostinho da Silva. As duas primeiras continuam à espera de serem devidamente arranjadas, enquanto a última foi requalificada com um novo piso. José Alves da Silva mora no largo situado ao cimo da Rua Fernando Lopes Graça e confessa que é com «tristeza e até alguma revolta» que verifica que duas ruas tão próximas «ficaram sem qualquer tipo de reparação» apesar do «mau estado» em que se encontram o piso e os passeios. Este residente não acredita que tenha sido «esquecimento» nem «descriminação» por parte do dono da obra – a autarquia, recordando que «somos cidadãos com os mesmos direitos e deveres dos outros», daí exigir uma resposta por parte do município sobre a razão que levou à não conclusão dos trabalhos. Já chegou inclusivamente a apresentar uma reclamação na Câmara da Guarda no passado dia 2 mas continua à espera de uma resposta.
Sobre a possibilidade de não haver dinheiro para pagar os trabalhos em falta, José Alves da Silva também não aceita essa justificação «porque houve ruas do bairro que foram abertas e fechadas mais do que uma vez» e «não era alcatroar estas duas ruas que iria encarecer a obra». Na sua opinião, «desde o início que estas obras foram mal planeadas, o tempo que demoraram e para acabarem mal, alguma coisa não correu bem de certeza», considera. O morador queixa-se também de ter suportado os «problemas resultantes das obras feitas, que nos obrigaram a dar grandes voltas pela VICEG para entrar e sair de casa durante muito tempo, mas sempre com a esperança de que teríamos todas as ruas arranjadas». Agora, passado tanto tempo, José Alves da Silva constata que «os benefícios com estas obras foram praticamente nenhuns», embora reconheça que fizeram algumas coisas «necessárias, mas o importante era que acabassem a obra».
José Alves da Silva sustenta que «não se admite que tenham arranjado todo o bairro e que tivessem deixado estas duas ruas. Parece que o que está mais longe não importa», alertando que, com as chuvas, os buracos vão transformar-se em «buracões». Apesar das diversas tentativas para obter uma reação da Câmara da Guarda e do envio, ainda na semana passada, das questões por email para o gabinete de relações públicas, a autarquia não respondeu até ao fecho desta edição.
Ricardo Cordeiro