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O que querem mudar os candidatos na Guarda

A PLIE, o centro histórico, a reabilitação urbana, o mercado municipal e o parque municipal são algumas das áreas que os cinco candidatos à Câmara da Guarda querem mudar se forem eleitos. O INTERIOR andou pela cidade com Álvaro Amaro (PSD/CDS-PP), José Igreja (PS), Mário Martins (CDU), Marco Loureiro (BE) e Eduardo Espírito Santo (MRPP) para conhecer as suas prioridades e as suas soluções. A reabilitação do mercado municipal, a dinamização do centro histórico e o desenvolvimento da plataforma logística são temas comuns à maioria. De resto, todos acreditam ter as melhores soluções para o concelho e partilham críticas sobre o estado de degradação económica e social a que a cidade chegou.

Álvaro Amaro (PSD/ CDS-PP), 60 anos

Requalificação urbana/Rua do Comércio

O meu compromisso é estudar a cobertura da Rua do Comércio para lhe dar um ar europeu e estimular o comércio e quero também esgotar todas as hipóteses para criar um ambiente que seja convidativo para as pessoas virem à Praça Velha. Não discuto a intervenção (feita na praça), nem vou mexer no que se fez porque não há dinheiro, pelo que temos que aproveitar o que está feito. Além disso, é preciso aumentar o poder de atração da Guarda e captar mais turismo, daí esse estímulo de pagarmos a portagem a quem durma uma noite na cidade.

PLIE

É incompreensível que uma plataforma logística que quer captar investidores venda o metro quadrado do terreno a 15 euros quando cidades à volta oferecem praticamente os lotes. Logo, a primeira medida é baixar significativamente o preço do metro quadrado. Depois, era preciso o Governo conceder IRC progressivo, a começar numa taxa zero, às empresas que se instalem no interior. Enquanto isso não acontece, vamos criar a “via verde” para o investimento, pois não se pode esperar um ano ou dois para obter o licenciamento de uma empresa. E também o Conselho Empresarial para o Investimento – um segundo CEI – que será constituído por 20 pessoas, metade das quais emigrantes de sucesso a quem vamos apelar ao seu orgulho pela terra. Na PLIE há um grande parque TIR, mas os camiões continuam estacionados na cidade, pelo que temos que ajudar essas empresas e resolver esse problema na cidade.

Mercado municipal

Deveríamos reconfigurar arquitetonicamente o mercado e a sua envolvente, mas como admito que não haverá possibilidades financeiras no novo quadro comunitário, temos que ser realistas e o que será possível fazer, a breve prazo, é juntar todos os vendedores num único piso. Além disso, é preciso ajudar os produtores das nossas aldeias, transformando o mercado num “centro comercial” dos produtos endógenos pelo menos meia dúzia de vezes por ano. O espaço envolvente, com a central de camionagem, não é atrativo, pelo que temos que lhe dar vida abrindo uma ligação à cidade. O raciocínio é criar uma linha de atração estimulando quem vende no mercado, na Rua do Comércio e na Praça Velha. É preciso facilitar o acesso das pessoas e agradou-me bastante um pré-estudo que sugere uma ligação não mecânica, penso que até viária, até ao mercado.

Eduardo Espírito Santo (MRPP), 62 anos

Parque municipal

O parque está abandonado, foi requalificado no tempo do Abílio Curto e não se fez mais nada. É preciso tratar das árvores, reabilitar o lago e alargar esta área verde para o Bairro da Fraternidade e para o parque de campismo, que só o é de nome. Um bom lugar para este espaço (parque de campismo) era na barragem do Caldeirão. O MRPP considera um atentado ao ambiente a cedência do Bairro da Fraternidade à Fundação Augusto Gil, pois esta requalificação permitiria abrir aqui uma ciclovia e uma nova zona de recreio e lazer. Este projeto possibilitaria ainda requalificar o pavilhão das antigas piscinas municipais para a prática de desporto, criando aqui toda uma zona de lazer para as pessoas.

Mercado municipal e central de camionagem

A Câmara tem que requalificar o mercado municipal, que está com a telha e tijolos à mostra, para o transformar num espaço moderno onde se vendam bons produtos regionais. É preciso transformá-lo num espaço agradável para quem vende e para quem compra. A Guarda merecia um mercado novo e uma central de camionagem requalificada, ligando os dois edifícios que poderiam ficar servidos por um estacionamento subterrâneo. O Mercado podia ser (re)construído mais ao centro da zona de estacionamento e fechar o U das habitações envolventes e fazer uma nova central. Os projetos não se fazem só quando há dinheiro, tem de se pensar a 10 ou 20 anos.

José Igreja (PS), 58 anos

Praça Velha

É preciso espalhar a notícia de que este centro histórico é emblemático há 800 anos e faz falta ao mundo, daí defendermos a sua classificação como Património Mundial da Humanidade. Além disso, esta é a parte turística da Guarda e um “coração” ao qual cabe dar vida e animação, transformando-a numa zona de vivência, habitação, comércio e turismo. A nova Praça Velha partiu a cidade ao meio e por isso vamos estudar uma solução para que o trânsito possa fazer-se entre as ruas 31 de Janeiro e a do Comércio. O objetivo é animar esta zona e fazer regressar as pessoas à praça, sendo também fundamental criar em São Vicente mais espaço habitacional.

Quartel da GNR

O conjunto de edifícios que constitui o comando da GNR não garante condições de trabalho, pois chove lá dentro, e é uma autêntica vergonha nacional. O muro do quartel trava a ligação entre o Bonfim e o centro da cidade, mas também entre a Câmara e a zona da Polícia Judiciária, pelo que é preciso garantir a passagem deste espaço para fins públicos, abrindo uma alameda para o TMG (a praça do Teatro). A GNR carece de novas instalações e a Câmara até cedeu um terreno junto ao parque industrial, mas o Governo nada faz. Também a PSP precisa de alterar a sua capacidade de serviços, pois está encolhida no edifício do (ex)Governo Civil. Atualmente, nem a PSP nem a GNR têm capacidade de poder dar à Guarda uma melhor segurança.

PLIE

Foi uma grande ideia da Câmara da Guarda (há 12 anos), é um facto que já teve algum atraso, mas não está perdido o espaço nem a vontade de transformar estes terrenos em algo muito importante para a economia local. A autarquia é neste momento responsável por tudo, por não ter havido aumento de capital, mas, no futuro, a PLIE terá de voltar para os privados, que gerem melhor estas questões. Temos que publicitar a plataforma logística e demonstrar que é um lugar fundamental para a logística, para as empresas e indústria da região e não só. Vamos procurar empresários e investimentos fora da Guarda e a partir do momento que ganharmos as eleições haverá uma “autoestrada” até ao gabinete do presidente sempre que alguém queira criar um posto de trabalho. E se verificarmos que é o preço do terreno que está em causa, então teremos que alterar a política da Câmara, embora considere que não são os preços (do lote) que vão dificultar o investimento na Guarda.

Marco Loureiro (BE), 32 anos

Praça Velha/Centro histórico

É preciso trazer vida ao centro histórico. A Câmara tem que negociar as casas que estão a degradar-se para habitação a custos reduzidos e ateliês para jovens criadores. Até porque com esta requalificação estamos a criar emprego direto.

Também é necessário transferir serviços públicos, como a Loja do Cidadão, e criar uma paragem de autocarro na zona histórica. O posto de turismo falha muito e tem que estar mais ativo junto de turistas e também dos guardenses. É preciso largar o gabinete e fazer uma política de proximidade.

IPG

A solução não é a união com a UBI. Tem que haver influência e pressão junto do poder central para que o Politécnico possa receber novos alunos nas áreas que são mais necessárias na região. É preciso disponibilizar transportes públicos frequentes, com paragens cobertas, para servir melhor os estudantes. A ligação com a Associação Comercial, a Câmara e a Associação Empresarial deve ser incrementada, pois a bandeira IPG tem que estar à altura da nossa cidade, tem que estar ao mais alto nível.

PLIE

Há que louvar as empresas ali instaladas, pois estão a ser penalizadas pelas portagens. Além disso, também o preço do metro quadrado é um entrave a novos investimentos, alguns dos quais foram para outro lado. À PLIE falta ainda a ligação prometida à linha da Beira Baixa e o parque TIR. Para captar investimento é preciso baixar o preço dos lotes e isentar de impostos locais as PME’s durante determinado período. A Câmara também tem que combater as portagens apoiando as mobilizações populares e pressionando um Governo que traiu os guardenses.

Mário Martins (CDU), 70 anos

Câmara Municipal

A mudança deve começar pela autarquia, que está enquistada em si própria quando devia estar ao serviço do público. Os serviços devem estar integrados e o seu pessoal mais aproveitado. De resto, nós nunca faremos o saneamento financeiro da Câmara da Guarda à custa dos trabalhadores, mas renegociando a dívida e prazos mais alargados em termos de carências. Os funcionários vão ainda ser chamados a participar na gestão da Câmara e não faremos colocações para pagar favores mas por concurso público e atendendo, apenas e tão só à capacidade dos candidatos.

Mercado Municipal

Não queremos aqui nenhum centro comercial, antes pelo contrário, tem que ser um espaço reservado aos agricultores do concelho e tem que ter dignidade e condições mínimas. A Câmara deve aproveitar um dos armazéns para central de recolha de produtos agrícolas onde as pessoas possam ir abastecer-se para revenda. Por outro lado, há que obrigar as grandes superfícies da cidade a adquirir na região 20 ou 30 por cento daquilo que vendem. Além disso, vamos lutar contra o ataque contributivo aos pequenos produtores.

Chafariz da Dorna

É um monumento classificado e aquilo que a Câmara conseguiu fazer foi colocar-lhe em cima uma bomba de gasolina. Há também uma calçada romana e era importantíssimo tê-la preservado, pelo menos, aqui junto ao chafariz, que já foi uma das entradas mais importantes da Guarda. Não podemos admitir que se faça isto a um monumento classificado, mas esta atitude de desleixo e esquecimento também se sente muito no centro histórico, que está completamente votado ao abandono.

Comentários dos nossos leitores
Carlos Veloso cjocas@gmail.com
Comentário:
Cobrir a Rua do Comércio? Esta ideia, nem merece qualquer comentário ou reparo. É de tal forma desajustada à realidade de um Centro Urbano em progressivo abandono!!! Os guardenses merecem maior respeito! Falta, de facto uma filosofia, uma estratégia que não assente em projectos concretos menores, falta de facto uma ideia para a cidade a longo prazo! Lamentável!
 

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