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Domingo se verá…

Editorial

1. As campanhas eleitorais para as eleições autárquicas são, normalmente, um período de grande debate, de apresentação de ideias e projetos, de discussão sobre os problemas locais, de propostas para a resolução dos problemas e de promessas.

Na Guarda o debate político tem sido morno e as ideias de uma pobreza constrangedora. A poucos dias de ir a sufrágio ninguém conhece os projetos para o futuro do concelho, ninguém discute o buraco financeiro de 50 milhões de euros da autarquia, não se fala do pior executivo que a Guarda teve e que chega ao fim de oito anos de inépcia e incompetência, não se sugerem opções para um novo paradigma de desenvolvimento, não se aprofunda o atraso na abertura do pavilhão do hospital nem se esclarece o abandono da fase II (que pressupunha a verdadeira revitalização do Parque da Saúde), não se percebe o que poderá ser o futuro da Guarda… O INTERIOR convidou os candidatos e levou-os pela cidade para conhecer as suas três principais opções de intervenção se forem eleitos. Apresentamos as escolhas nesta edição e deixamos outros argumentos para ver em www.ointerior.tv.

2. José Igreja recuperou uma sugestão discutida por José Sócrates e Maria do Carmo Borges em 2001, no seguimento dessa outra ideia extravagante do túnel da Rua 31 de Janeiro à Misericórdia: Candidatar a Guarda a Património Mundial. Mas os socialistas apresentam como ideia âncora a «candidatura da Guarda a Património Mundial da Humanidade», o que evidencia ignorância na forma pouco aprofundada com que o assunto foi estudado, pois, de facto, isso não existe, o que sim existe é Património Mundial (designação original da UNESCO: World Heritage – ver: http://whc.unesco.org/pg.cfm?cid=31). O que revela falta de elaboração e sustentação de uma proposta que devia estar devidamente fundamentada. Não está. Ouvindo o candidato até parece fácil, mas não é (que o digam pelo Marvão que andam desde 2005 a fundamentar a sua candidatura). A ideia é interessante e válida, mas não determinante para o futuro da Guarda e exigia-se alguma explicitação séria do que se quer fazer e como o fazer. Mas, por outro lado, e além do Património Mundial, a candidatura socialista defende a qualificação do Centro Histórico como uma das prioridades, mas também a economia, a criação de emprego (porta aberta a quem criar um posto de trabalho), a promoção da PLIE como zona de interesse estratégico e empresarial e o reordenamento da cidade na zona alta do Bomfim, nomeadamente com a abertura da alameda do Teatro ou as novas instalações da GNR e da PSP.

3. Em relação à candidatura do PSD, destaca a promessa vaga de requalificação urbana, que de resto é o caminho para ir aos milhões do próximo quadro comunitário – “regeneração urbana” é, precisamente, a única coisa de relevante feita nos últimos anos na Guarda (com um terço da cidade em obras)… Álvaro Amaro pretende também pensar uma nova tipologia para a Praça Velha e irá estudar a possibilidade de fazer uma cobertura à rua do Comércio. Como nas demais candidaturas, a economia será um dos seus desideratos, declarando que terá de encontrar um caminho para a PLIE e uma via verde para os empresários que queiram investir. No Mercado quer um piso a funcionar em condições e uma ligação direta à parte superior e uma cidade com mais «atratibilidade», sem no entanto esclarecer o que fará em prol de uma nova atratividade. Mas em todas as sugestões de que fala, Amaro não se compromete com nenhuma, respondendo sempre que «iremos estudar».

4. Os pequenos partidos sem preocupações quanto a discurso ou compromissos, mostram estar atentos. Em especial o veterano candidato do MRPP. Para Eduardo Espírito Santo «é uma vergonha» o estado de abandono do parque municipal e defende a requalificação de toda a zona entre o Sanatório e o estádio, antigas piscinas, parque de campismo e bairro da Fraternidade incluídos. Uma excelente proposta que devia ser ouvida pelo vencedor das eleições de domingo. Depois de uma campanha onde a educação esteve ausente, a cultura foi olvidada, a saúde maltratada, os idosos ostracizados e o futuro da Guarda adiado.

Luis Baptista-Martins

Comentários dos nossos leitores
Carlos Veloso cjocas@gmail.com
Comentário:
Precisamos de competência, criatividade e acabar com os esquemas que secaram o erário público. Precisamos de mudanças estruturais doa a quem doer!!! Mas em terá pequena é muito difícil….
 

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