Vai acabar dentro de dias a campanha eleitoral. É bom que acabe. O cidadão comum está farto de que o tomem por parvo. Não acredita mais em promessas do género “vamos recomprar o Hotel de Turismo” (e não, Álvaro Amaro, não se diz na Guarda “Hotel Turismo” – o “de” é património municipal inalienável), sobretudo conjugadas com outras como “vamos baixar a derrama”. O cidadão ideal da Guarda desconfia já de políticas fáceis, em que se aumenta a despesa diminuindo ao mesmo tempo a receita. Viu isso demasiadas vezes e sabe já como acabam geralmente essas políticas: vem a Troika e aumenta a receita (impostos) cancelando as despesas (promessas). Poderão dizer-me que o cidadão ideal da Guarda não existe, ou que emigrou para o Luxemburgo, pelo que tudo é possível, mas eu mesmo assim guardo a minha confiança nos cidadãos comuns, como eu, que ficaram por cá.
Temos de acreditar que a solução dos nossos problemas tem de ser interna, e que apenas dependemos de nós. Se queremos um futuro para esta comunidade, temos de agir como comunidade. É mais cara a fruta na praça? Pelo menos quem a vende é de cá e cria emprego aqui. O mesmo com a roupa, os restaurantes, os arranjos na casa, ou tudo aquilo de que precisamos todos os dias. E eles retribuem, ou devem retribuir, exactamente nos mesmos termos. Uma terra não é uma soma de egoísmos e não sobrevive se os não souber conciliar e transformar numa coisa maior do que a soma das partes.
Tudo isto é verdade e muito bonito, dirão, mas em que ficamos? Acabamos de pintar, ou recompramos, o Hotel (de) Turismo ou deixamos ficar como está?
Depende. O Hotel fechado é uma ferida no coração da cidade. Que o entreguem à Escola de Turismo do IPG, a um grupo privado ou de novo à Câmara é o mesmo. Tem é de ser reaberto. O ideal seria a solução vir de dentro, num sinal de vida da comunidade, que as câmaras municipais não têm de gerir hotéis. E quem é, perguntarão, a pessoa ideal para gerir esse processo e todas as outras questões de que depende o sucesso do concelho?
Eu sugeriria alguém de cá. Não é que veja especiais defeitos em Álvaro Amaro, mas não o conheço. Sou amigo há décadas de José Martins Igreja, e teria muitas dificuldades em escolher entre ele e, por exemplo, o Manuel Rodrigues, também meu amigo. O primeiro é da Castanheira e o segundo de Pousade – e lamento que se tenha perdido a oportunidade de levar às urnas a velha rivalidade entre essas duas terras. Perdida essa oportunidade, e que me perdoe o Eduardo Espírito Santo (que respeito e admiro como bom e fiável guardense e benfiquista), não me restam grandes dúvidas sobre o sentido do meu voto.
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