Armando Carneiro fez história há quatro anos, quando deu uma vitória inédita ao PS e terminou o “reinado” de João Mourato, que concorria para o sétimo mandato consecutivo. O atual presidente da Câmara de Mêda não se recandidata, mas quem vai a votos conhece bem os cantos à “casa”, uma vez que quatro já exerceram funções na autarquia (três como vereadores).
Anselmo Sousa, atual vereador, é a aposta do PS para provar que a mudança à esquerda em 2009 não foi um acaso. «Acredito nas potencialidades do concelho, nas suas tradições e na força da sua gente», frisa o professor, que quer repetir o feito do antecessor: «Estou a trabalhar no sentido de ser o próximo presidente, pelo que estou muito otimista», salienta, acrescentando que «a Mêda está preparada para enfrentar novos desafios». O candidato defende a valorização do património, o autoemprego nos setores agroambientais, a criação de um gabinete de apoio ao empreendedorismo, políticas que promovam o regresso ao concelho e a criação de uma zona industrial, entre outros. «Pretendo o envolvimento dos trabalhadores do município para melhorar a eficiência dos serviços», garantiu, defendendo o «combate à burocracia».
Paulo Amaral, vereador entre 1997 e 2009, procura a primeira vitória do PSD sem João Mourato. A escolha do candidato não foi pacífica, sendo que Mourato vai a votos, mas como cabeça-de-lista à Assembleia Municipal de Miranda do Corvo pelo PS. «As diferenças são saudáveis em democracia, mas não é aceitável que “saltemos” quando um partido deixa de servir os nossos interesses», critica. Ainda assim, Amaral considera que o principal adversário é «o desinteresse das pessoas pela política», pelo que «são necessárias medidas que revertam o ciclo vicioso da baixa densidade», afirma. O seu programa integra a criação do cartão do idoso e da valência de cuidados continuados, o «que permitirá que o Centro de Saúde esteja em funcionamento 24 horas por dia», sublinha. O empreendedorismo é outra das apostas do candidato, que defende uma plataforma logística agrícola.
Ex-assessor de Armando Carneiro e atual presidente da Junta de Mêda (eleito com o apoio do PS), César Figueiredo procura dar o “salto” para a Câmara local, desta vez com o apoio do CDS. «Quando o partido deixou de defender os interesses da minha terra procurei outra alternativa», justifica o candidato, salientado que «teria sido mais cómodo aceitar convites de outros partidos». O engenheiro agrícola acredita na vitória, uma vez que «os outros candidatos já demonstraram o que são capazes – ou não – de fazer». Confiante de que causou uma boa impressão nos últimos quatro anos, César Figueiredo apresenta como prioridades a agricultura, a adega, a criação de uma queijaria e a zona industrial. «É preciso criar emprego através do investimento privado», considera, assegurando que «tenho contactos sérios nesse sentido».
Já Lemos Damião, ex-vereador da autarquia (eleito em listas do PPM e PS) e ex-deputado na Assembleia da República, promete agitar o “confronto” do dia 29. «As expetativas são eleger três vereadores, pois estou convencido de que sabem que os outros concorrentes não têm capacidade», já que «foram os mesmos que têm estado no poder; quem nos pôs no buraco não nos vai conseguir tirar de lá», considera. O programa do candidato prevê a criação de uma praça na Avenida Sacadura Cabral, com o nome de Praça da Liberdade, bem como a criação de empregos e de polos de desenvolvimento que possam ter interesse turístico. «Não posso perder mais nenhum jovem da minha terra, mas também quero que quem saiu possa volta à Mêda», sublinha. O ex-deputado da AR garante que, caso seja eleito, a primeira medida será «pedir uma auditoria interna».
O único repetente das últimas eleições autárquicas é Manuel Frade, que se candidata pela CDU. Mesmo sendo natural do concelho, o lojista reside em Lisboa e admite que «não tinha ideias» de ir a votos. «As pessoas não aderem muito à CDU naquela zona, mas eu nasci em Marialva e vou lá quando posso», lembra. O candidato é o primeiro a não falar em vitória, mas as perspetivas são boas, ambicionando colocar elementos na Assembleia Municipal. «Queremos ter o maior número de votos possível, e esperar que não continuem a votar nos mesmos», sublinha, reiterando que «são eles que atrasam o país». A principal preocupação de Manuel Frade são as freguesias, uma vez que «a Mêda tem tudo concentrado na vila, mas vive das aldeias». Segundo o comunista, «é preciso ir às povoações saber o que podem dar ao concelho, nomeadamente a nível da agricultura», sendo essencial «criar postos de trabalho».
Sara Quelhas