«A contestação é legítima, mas também é preciso explicar que a obra não põe em causa a segurança de peões e ciclistas, pois cada área está devidamente salvaguarda e haverá uma passadeira que funcionará como lomba», afirma Joaquim Valente a propósito da polémica gerada pela construção de uma rotunda na Avenida de São Miguel, na Guarda-Gare.
A intervenção não é do agrado de moradores e utilizadores da zona verde, que inclui uma ciclovia, área pedonal e de lazer, existente na orla daquela avenida, uma das mais movimentadas da cidade. A obra arrancou na semana passada e, além da rotunda, inclui a abertura de um acesso para o bairro, pela Rua do Facheiro, entre dois prédios de habitação. A empreitada, também conhecida por “rotunda do Minipreço”, tem a duração prevista de 45 dias e, segundo o presidente da Câmara, vai custar 77.400 euros, dos quais 52 mil serão custeados pela superfície comercial. «Era uma obra planeada desde a instalação do Minipreço, tendo a autarquia de então exigido maior mobilidade urbana e segurança para as pessoas naquela zona», recordou o autarca no final da última reunião do executivo, lembrando que o atual cruzamento é «arcaico e não está devidamente ordenado».
Na passada segunda-feira, a Câmara aprovou mais despesa sem ter fundos disponíveis, com os votos contra dos dois eleitos do PSD, o que aconteceu dias depois da Direção-Geral do Orçamento ter divulgado uma lista de 29 municípios que não estão a cumprir a Lei dos Compromissos, entre eles o da Guarda. Aos jornalistas, Joaquim Valente disse discordar desta inclusão alegando que estes compromissos «foram assumidos antes da lei entrar em vigor e dizem respeito a obras comparticipadas por fundos comunitários».
Além disso, considerou que não há incumprimento porque «o compromisso só é real quando se paga e a Câmara da Guarda não está a pagar nada». O presidente acrescentou também que a situação vai desaparecer, «à medida que nos forem disponibilizadas as verbas obtidas nessas candidaturas». À margem da reunião, o edil adiantou que ainda não está concluído o levantamento dos prejuízos causados pelo incêndio que lavrou nas encostas de Aldeia Viçosa e Vila Cortês do Mondego, em meados de agosto. «O processo já foi iniciado, em colaboração com outras entidades, mas estas coisas têm o seu tempo porque houve muita gente que fez queixa na GNR», disse Joaquim Valente, admitindo que os prejuízos «são elevados».
Luis Martins