Duo guardense redescobre o canto lírico

Os primeiros acordes da guitarra de Lara Fernandes preparam a entrada de Fernando Pessoa, renascido na voz de Noémia Souto. “Ela canta, pobre ceifeira” é um dos poemas que integra o repertório do Duo Fusa, composto pelas alunas do Conservatório de Música de S. José (Guarda), que vão ingressar no ensino superior em setembro.

Noémia Souto, de 18 anos, é a voz do projeto que assenta no canto lírico: «Cantei uma peça acompanhada por guitarra com outra colega e depois surgiu o Duo Fusa, onde começámos por ver outro repertório e criar músicas próprias», adianta a jovem. «O canto lírico sempre foi uma grande paixão», salienta a guardense. Por sua vez, Lara Fernandes, de 19 anos, é natural de Aveiro e reside em Viseu, mas não esconde o gosto pela cidade mais alta. O duo marca um encontro de amigas através da música: «Agradou-nos a junção dos dois instrumentos, pelo que musicámos poemas», revela a aveirense, sublinhando que «ela tem peças em que é acompanhada pelo piano, mas depois fazemos arranjos para guitarra».

O próximo ano letivo promete ser um desafio para a dupla, já que, ao que tudo indica, Noémia Souto estudará canto em Évora enquanto Lara Fernandes deve regressar a Aveiro para se formar em guitarra. A vontade sai quase em uníssono: «Vai ser difícil juntarmo-nos, mas não queremos parar», asseveram. De todos os concertos já realizados pelo Duo Fusa, a cantora destaca o recital em Pinhel, em julho passado: «Estávamos muito nervosas, mas acho que correu bem e deu outra visão dos nossos concertos», considera. A guitarrista também lembra esse concerto e acrescenta a atuação no Museu da Guarda, em maio: «Foi o primeiro recital “grande” que fizemos, mas marcam todos porque gostamos do que fazemos e nos damos bem», defende.

Em termos de futuro, as perspetivas são idênticas. «Gostava de voltar à Guarda, mas não nos próximos anos, porque quero crescer pessoal e profissionalmente no estrangeiro», revela Noémia Souto. Por sua vez, Lara Fernandes ambiciona «ganhar outras culturas, pois arrisco-me a dizer que para sermos reconhecidos é melhor ir para fora», considera. O sonho, esse, é comum: voltar para dar aulas no Conservatório guardense, a sua segunda “casa”. «Só estamos aqui por causa dos nossos professores», sublinham.