1 – No atual momento político não há cidadão que se preze que não analise e discuta a célebre Lei 46/2005 (Lei da limitação de mandatos de presidentes aos órgãos executivos das autarquias), a tal que se lê em 2 minutos, pois só tem 2 artigos e o 2º refere apenas a entrada em vigor e, se lá está escarrapachado que o presidente de câmara ou de junta de freguesia só pode ser eleito para 3 mandatos consecutivos, não refere se é a qualquer autarquia do território ou só aquela onde o autarca já cumpriu os 3 mandatos, percebe-se agora porque não interessou a nenhum partido, com assento parlamentar, que a Lei fosse devidamente clarificada, pois segundo Assunção Esteves, “há um erro, mas toda a legislação tem polémica e deve ser resolvida em lugar certo, cabendo aos operadores jurídicos decidirem ou então fazer nova legislação” mas, neste último caso, “havendo um problema de interpretação, o Parlamento ao voltar a legislar, o Estado de Direito sofreria uma crise”. Com franqueza. Há leis e leis e esta serviu muito bem os interesses de todos, desde logo ao PSD e CDU/Partido Comunista. Citando Simone Beauvoir, de quem a 2ª figura do Estado parece ser grande adepta, “Não podemos deixar que os nossos carrascos nos criem maus costumes”. Daí os tribunais estarem atulhados de pedidos de impugnações, algumas de cariz ridículo e caricato, como aquela que refere “As assinaturas são nulas porque os proponentes não conheciam os candidatos quando subscreveram a propositura” Em política, nem tudo vale tudo. Haja Deus e algum rasgo de inteligência.
2 – Quanto às sondagens, as tais que valem o que valem, é sempre interessante perceber quem as encomenda, quem as faz, como são feitas, quem as publica, como são lidas e interpretadas, havendo, neste preciso momento para todos os gostos e feitios, essencialmente para alimentar o ego dos mais céticos, servindo a maioria delas, in time, para tentar condicionar resultados e lançar a confusão na opinião pública, embora temporária e artificialmente. As sondagens têm de ser instrumentos sérios e honestos, deixando de ser banalizadas, devendo a entidade responsável fazer algum acompanhamento no sentido de impedir a manipulação e condicionar o sentido de voto do honesto cidadão eleitor. Citando Ignacio Ramonet, in, “Tirania da Comunicação”: «Não acreditem em tudo que vem na imprensa. Não existe neutralidade na imprensa».
3 – É mesmo por isso que certas e determinadas candidaturas necessitam de se alimentar dessas sondagens, pois sabem muito bem que eles próprios são candidatos do sistema, o que os torna coniventes na redução do PIB, no aumento do desemprego, no retirar direitos, na falência de empresas e famílias, na redução dos salários e pensões, no empurrar milhares de trabalhadores da Administração Pública para o olho da rua, etc., etc. e neste precioso momento, até 29 de setembro, pretendem vender gato por lebre, mesmo percebendo que a sul não veio nada de novo, pois o maestro, perante a orquestra conhecida e cada vez mais desafinada, desorganizada e desconfiada, interpretou a já estafada figurinha do DJ que só sabe aquela do vira o disco e toca o mesmo, ou melhor, do vira o disco e “troika” o mesmo, percebendo-se que o discurso do distanciamento e de alguma critica chica-esperta, poderá apanhar alguns incautos e menos atentos, nessa aposta ornamentado num escaparate de propaganda, promessas, feira de vaidades e opulência que parece querer continuar e não ter fim. Estes alaranjados azedos e sem sumo merecem uma lição. Merecem, mesmo, perder todas as eleições.
Por: Albino Bárbara