Arrancou na passada quinta-feira uma das mais antigas feiras do país. A Feira de São Bartolomeu foi instituída por Carta Régia de D. Afonso III em 8 de agosto de 1273 e é hoje o maior certame do género no distrito da Guarda e do nordeste da Beira.
Na cerimónia de inauguração, o presidente da AENEBEIRA – Associação Empresarial do Nordeste da Beira recordou que este modelo da feira remonta a 1992, quando a organização, em conjunto com a autarquia, decidiu apostar no fortalecimento da componente lúdica, gastronómica e de mostra da atividade económica do concelho e da região. «O sucesso está à vista e este ano, apesar da crise e das pessoas terem menos dinheiro, as nossas expetativas são as melhores», declarou António Oliveira. No campo da feira e no Pavilhão Multiusos há 210 espaços de exposição e venda nos quais estão cerca de 160 agentes económicos. «Esperamos que a feira seja visitada por 120 mil a 150 pessoas ao longo destes 10 dias e meio de atividades», acrescentou o responsável, para quem a organização assumiu este ano «o risco» de iniciar certame alguns dias mais tarde.
«Temos a noção clara que a feira tem que começar numa sexta-feira e acabar num domingo, mas tínhamos duas hipóteses. Começava no dia 9 e terminava a 18, e caia “o Carmo e a Trindade”; ou começava a 15 ou 16 para terminar dia 25, foi essa a opção tomada e que tem sido criticada porque começar mais tarde que o habitual. É um ensaio, no próximo ano poderá ser diferente», considerou António Oliveira. Contudo, o presidente da AENEBEIRA deu o exemplo da Feira de S. Mateus, em Viseu, «que cada vez começa bem mais cedo que o dia do patrono, que é a 23 de setembro, Provavelmente em 2013 começará no dia 1 de agosto. Não sei se é um bom caminho, mas provavelmente serve os interesses de Viseu e porque os promotores querem tirar partido da presença das comunidades emigrantes». Ora, na sua opinião, este tipo de eventos «vive muito da presença dos emigrantes, que começam a regressar aos países de acolhimento por estes dias».
Por sua vez, o presidente da Câmara de Trancoso, que inaugurou o certame pela última vez naquela função, lembrou o que foi feito para dinamizar uma atividade que estava moribunda. Há 28 anos, quando iniciei as minhas funções, não existia praticamente Feira de São Bartolomeu, ia-se às chamadas Festas da Vila que ocorriam no parque municipal. Juntamente com a então associação comercial avançámos para um modelo mais industrial e com a construção do Pavilhão Multiusos e a requalificação do campo da feira, o certame tem hoje um ar moderno e atrativo e é, sem dúvida, o maior acontecimento comercial e empresarial do distrito da Guarda», afirmou Júlio Sarmento. O edil admitiu ser «co-responsável», juntamente com António Oliveira, pelo sucesso da feira, que continua a ser «muito importante» para Trancoso. «Traduz-se no movimento acrescido dos estabelecimentos comerciais, da restauração, da hotelaria e acaba também por fazer com que as pessoas voltem mais vezes ao longo do ano», considerou, dizendo-se «otimista» quanto ao futuro da feira de São Bartolomeu.