O Museu do Côa, em Vila Nova de Foz Côa, assinalou há uma semana três anos de história e cultura, de olhos postos num futuro mais “risonho”. Depois da anunciada extinção da Fundação Côa Parque, que viria a ser revogada em março, o espaço procura agora um novo fôlego: «Demonstrou-se o erro administrativo em que se estava a cair, até porque a fundação foi criada por este governo», sublinha Fernando Real.
O presidente da Côa Parque, entidade que assumiu a gestão em 2012, considera que «tem sido um período de muita turbulência», uma vez que as decisões governamentais «criaram instabilidade e uma dificuldade acrescida na gestão». Por ocasião do terceiro aniversário do museu, o responsável foi comedido e não esqueceu o passado recente da fundação: «Com o orçamento de 2012 e o capital inicial foi possível assegurar o mínimo na altura em que não sabíamos se a fundação continuava, mas acresceram dívidas na ordem dos 1,2 milhões», adianta Fernando Real, referindo que «se trata sobretudo de compromissos fiscais». Ainda assim, o presidente da fundação acredita que «estão reunidas condições para o museu funcionar harmoniosamente» e sublinha que «a primeira medida é pagar as dívidas, assim o dinheiro seja depositado, e assegurar o funcionamento até ao final do ano».
Apesar das dificuldades, Fernando Real considera que «o público não se apercebe das dificuldades internas» devido às ofertas promovidas pelo museu. Contudo, o número de visitantes tem vindo a diminuir: «Nota-se uma redução muito grande, tivemos este ano menos 35 por cento de visitantes nacionais» em comparação com o ano anterior, revela, embora considere que «o “mundo” dos museus está a ser afetado de norte a sul». Já os visitantes estrangeiros aumentaram, o mas isso «não compensa», pois, contas feitas, há uma redução na casa dos 14 por cento. E as portagens também não ajudam: «Foi um erro estratégico de palmatória, pois os visitantes queixam-se que, se antes já estavam longe, agora estão longíssimo», critica Fernando Real. «Ponham antes pórticos no rio porque os barcos não contribuem tanto para as regiões por onde passam e disso ninguém se lembrou», ironiza.
Sara Quelhas