1. Há dias um empresário local contou-me um episódio eloquente. Telefonou para o número geral da Câmara Municipal de Castelo Branco. Queria falar com alguém responsável pelo parque industrial. Passaram-lhe a chamada para a secretária do presidente do município. Explicou novamente o que pretendia. Delicadamente, perguntou quando é que poderia ser recebido. A secretária perguntou-lhe se poderia ir a Castelo Branco nesse mesmo dia. Surpreendido com a resposta, o empresário aceitou imediatamente. Eram então 15h30. Às 18h30, o empresário era recebido pelo presidente Joaquim Morão, pelo vereador responsável do pelouro e por um técnico do parque industrial. Às 20h30, andavam ainda a ver lotes, não tendo, todavia, encontrado o pretendido. No dia seguinte, recebe uma nova proposta e chegam rapidamente a acordo. Pagaria 1 euro por cada metro quadrado, ficando o município com direito de opção caso um dia o empresário pretenda vender o lote. Simples, rápido, eficaz. E assim o parque industrial de Castelo Branco conquistou mais uma empresa.
Em Castelo Branco, este é o procedimento normal em relação a qualquer empresário que mostre interesse em investir e, por consequência, criar emprego. Na Guarda, esta história seria altamente improvável. O desgraçado do empresário andaria às voltas para conseguir ser recebido por sua excelência, o presidente da Câmara, que tem coisas mais importantes com que se preocupar, tipo exercer a célebre “magistratura de influência” em Lisboa, Bruxelas e lugares do género.
2. Declarou ao “Expresso” da semana passada o presidente da Câmara da Covilhã, Carlos Pinto: «Saltar de Câmara em Câmara é um exercício de mau gosto». Completamente de acordo. Confesso que me mete impressão que alguém que não conhece profundamente um concelho e as suas freguesias se proponha ser presidente do respetivo município. Álvaro Amaro anda agora a estudar à pressa os dossiês e a ouvir algumas luminárias cá do burgo, a ver se não comete nenhum deslize grave.
Dito isto, acho lamentável o discurso bairrista do candidato José Igreja. Numa entrevista recente à Rádio Altitude, avisou que Álvaro Amaro não seria bem recebido na Guarda. Pensava que este palavreado, parolo, perigoso e, sobretudo, estúpido, estava já morto e enterrado. Erro meu.
A questão não é ser “da Guarda”, seja lá o que isso for. A questão é viver e conhecer bem a Guarda e por aí, sim, é perfeitamente legítimo criticar a candidatura de Álvaro Amaro.
Por: José Carlos Alexandre