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O fim do princípio

O Governo ficou subitamente preocupado com o facto do índice de poder de compra da área correspondente ao Pinhal Interior ser cerca de 50 % em relação à média nacional. O Sr. Ministro da Economia veio anunciar pomposamente mais uma medida desgarrada: um plano de emergência de subsídios à actividade privada da zona. E o resto do Interior? Estaremos além dos tais 50%? Deparamo-nos uma vez mais com a recorrente evidência da falta de uma visão global de desenvolvimento sustentado do país. As propaladas medidas de discriminação positiva para o Interior não podem ser um chavão eleitoral.

Sou optimista: a Guarda e o Interior estão condenados a progredir, pois o desenvolvimento apenas do Litoral é incomportável seja pela hiperpressão demográfica nessa área, seja por um qualquer fenómeno de Lavoisier, que obriga o Litoral a precisar dos recursos e consumidores do Interior para se expandir. Em suma ou o Interior se desenvolve por investimento politicamente dirigido ou por arrasto do Litoral. Sou adepto da 1ª hipótese. Neste âmbito as comunidades urbanas parecem-me um embuste iniludível: na sua génese não esteve uma ideia progressista de desenvolvimento territorial harmonioso. Esteve, ou parece estar, uma lógica de redistribuição de poderes locais em função de promessas eleitorais. Em última análise a ideia é embair os municípios com questões laterais, enquanto se procede aos cortes orçamentais para as autarquias.

Na Guarda estes cortes têm efeitos imediatos e directos, preponderantemente no nosso momento anímico. A autarquia vê ameaçadas as avultadas obras em projecto ou em curso, tendo de comedir-se, ainda mais, no planeamento a curto – médio prazo, correndo o risco de passar ao lado do financiamento europeu. A falta de dinheiro ditou a não realização das festas da cidade, iluminações de Natal modestas, comemorações insípidas do Dia da Cidade, enfim falta de promoção da cidade. Terá de haver outra opção política, pois, embora haja quem discorde da existência destes eventos, eu creio-os importantes no contexto da afirmação da nossa identidade, do orgulho que temos em ser guardenses. Este orgulho é amiúde o motor decisório que nos leva a empreender projectos apesar das contrariedades. Numa atitude anti – propagandística a Câmara não publicita as suas obras, quebrando ainda mais o já referido brio. A atitude correcta há-de andar entre a atitude de Maria do Carmo, que tendo obra não a publicita e a de Santana Lopes que publicita e ainda não tem obra.

Na Assembleia Municipal da Guarda questões como as supra versadas passam ao lado. Veremos se alguém se questiona porque razão não havemos de ter uma Escola Superior de Tecnologias da Saúde, se em Viseu haverá Universidade como decorre do anúncio governamental do edil. As discussões na AM têm-se cingido ás questiúnculas do malogrado “novo hospital”, com episódios caricatos que rasam o limite do ridículo. A vereadora/ deputada/ líder distrital do PSD coordena em breves briefings durante a assembleia, a actuação da sua bancada de deputados / nomeados políticos. Chega a ser compungente a adulação que alguns lhe prestam, levando-me mesmo a questionar o que os leva a prestarem-se a um tal papel, abdicando da sua auto-crítica e individualidade de pensamento: a ilusão de poder que confere um mero cargo directivo numa dependência regional da administração central? As recentes convulsões internas do PSD indiciam uma quebra desta unanimidade controlada. Parafraseando Churchill Isto não é o fim. Não é sequer o princípio do fim. Mas é talvez, o fim do princípio. Sempre me assustaram os poderes absolutos.

Por: Pedro Guerra

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