Os trabalhadores da Gartêxtil vão solicitar ao Ministério Público que investigue os responsáveis pelo encerramento da empresa, em Maio de 2002. Carlos João, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores Têxteis da Beira Alta (STBA), refere-se em especial à administração da empresa pertencente ao grupo Carveste, sedeada em Caria, dedicada à produção de confecções.
O sindicalista adiantou ser «desejo das cerca de 200 trabalhadoras da fábrica, que o Ministério Público (MP) investigue o destino que foi dado aos cerca de 400 mil contos de dinheiros públicos atribuídos pelo Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e Investimento (IAPMEI) que foram recebidos pelos donos para viabilização da empresa, há cerca de seis anos, vindo esta depois a encerrar passados quatro anos», afirmou. Pedir, desde já, a falência está fora de questão, mas o STBA vai avançar com uma queixa ao MP para investigar o que se passou na empresa nos últimos anos: «As trabalhadoras ainda têm esperança na reabertura, mas nós estamos cada vez mais conscientes de que as coisas estão mais difíceis. Até porque é impossível o antigo dono ter a empresa de borla como teve há seis anos e parece que é aquilo que quer. Temos consciência do que está em cima da mesa, mas achamos que não devemos pactuar com oportunistas», diz Carlos João. «Ir para a falência não traz vantagens nenhumas, porque se houvesse a certeza de que com a falência apareceria alguém para tomar conta disto então já a tínhamos pedido há dois meses atrás. No entanto, este pedido vai clarificar a situação», continua.
O sindicalista refere que o administrador quer que o Governo financie esta reabertura, mas que exigirá um apoio de 100 por cento em vez dos 50 por cento disponibilizados pelo IAPMEI para financiar o plano apresentado pela Carveste. «Acho que isto não é justo», acusa o sindicalista, que se queixa ainda de que as pretensões dos trabalhadores caíram sempre em “saco roto”: «Desde o princípio que pedimos uma auditoria à empresa, tendo apresentado um documento onde deixávamos algumas pistas para essa investigação. Recolhemos mais de 4.000 assinaturas num abaixo-assinado, denunciámos o caso a toda a gente, só que ninguém ligou patavina ao problema», lamenta. «Não estamos a dizer que houve aqui alguma coisa, mas temos dúvidas e queremos que sejam investigadas. O essencial agora é garantir que os trabalhadores recebam algum dinheiro através desse Fundo de Garantia Salarial, que só pode ser activado se houver falência», refere. Para clarificar a situação da Gartextil, o sindicalista tem ainda intenção de promover, conjuntamente com representantes dos trabalhadores, reuniões com o IAPMEI, bem como com os deputados eleitos pelo círculo eleitoral da Guarda, Câmara Municipal, Governo Civil e Francisco Cabral, o mais visado nas críticas. Entretanto, está previsto para 25 de Fevereiro um «plenário decisivo» de trabalhadores para a adopção de medidas de actuação e definição da situação da fábrica, nomeadamente quanto ao pedido de falência.