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Triste espectáculo…

Manteigas venceu Souropires por duas bolas a uma num jogo que terminou aos 75 minutos

Insólito. Mais uma vez, o Distrital da Guarda volta a ser notícia pela negativa. No último domingo, a Desportiva de Manteigas terá conquistado uma das vitórias mais fáceis da sua história, triunfando por duas bolas a uma sobre o Souropires numa partida que terminou aos 75 minutos. Tudo porque a equipa do concelho de Pinhel, um dos líderes da prova, ficou reduzida a seis jogadores apenas depois de uma expulsão e de quatro, pretensas, lesões.

O jogo começou bastante equilibrado, com as duas equipas a estudarem-se mutuamente. As oportunidades de golo rarearam e apenas em lances de bola parada as equipas chegavam à área contrária, com destaque para dois livres apontados por Cláudio que Nuno teve algumas dificuldades em suster. Aos 17’, após um pontapé de canto, Nuno Reis esteve perto de marcar para o Manteigas, mas viu um adversário cortar o lance em cima da linha. Nove minutos depois a equipa forasteira colocou-se em vantagem, após um contra-ataque muito bem conduzido por Bessa e concluído com um grande remate do rapidíssimo Paulo Alves. O Manteigas acusou bastante o tento sofrido, com os seus jogadores a mostrarem-se muito nervosos. Quem aproveitou esta desconcentração foi o Souropires, que esteve muito perto de ampliar a vantagem aos 35’ numa jogada com os mesmos intervenientes do golo. Bessa recuperou a bola a meio-campo e viu, muito bem, a desmarcação de Paulo Alves que continuou, completamente sozinho, até à entrada da área e rematou forte para uma boa defesa de Nuno Rosa. Entretanto, Tó Real já tinha feito duas substituições de uma assentada, trocando Marcelo e Ventura por Nuno Serra e Hugo.

No regresso das cabinas, o Manteigas entrou com vontade de dar a volta ao resultado e logo aos 47’, Renato, de fora da área, obrigou Nuno a boa defesa. Dois minutos depois, o árbitro José São Pedro apontou para a marca da grande penalidade após uma disputa de bola entre Fernando Pinheiro e Hugo, com este último a estatelar-se no chão. Decisão que deixou muitas dúvidas aos presentes. Chamado a converter, João Biló não enjeitou a oportunidade e restabeleceu a igualdade. Aos 55’, as duas equipas ficaram reduzidas a 10 unidades por expulsão de Rui Reis e Bessa. Seis minutos depois, o Manteigas consumou a reviravolta no marcador, com Picas, de cabeça, a dar o melhor seguimento a um excelente cruzamento da direita de Vítor. A confusão instalou-se no seguimento deste lance, já que os elementos do Souropires ameaçaram abandonar o terreno de jogo. Depois de interrompida a partida durante cerca de cinco minutos, Paulo Batista, técnico dos visitantes, fez então as três substituições possíveis e o jogo recomeçou. Mas, a pouco e pouco, Artur, Tiago, Camilo e David, foram atingidos por “súbitas” lesões que reduziram o Souropires a seis jogadores e obrigaram o árbitro – que mostrou algum excesso de rigor e dualidade de critérios na amostragem de cartões em beneficio da equipa da casa – a dar por terminada a partida quando estavam disputados 75 minutos de jogo.

Um final inesperado que surpreendeu o técnico do Manteigas, Tó Real, a realizar a sua época de estreia no Distrital da Guarda: «Conseguimos dar a volta num jogo estranho. Não percebo a atitude do adversário», disse, considerando que a vitória terá sido «”facilitada”». Pelo lado da turma forasteira, Paulo Batista desmentiu que os seus jogadores tivessem feito “teatro”: «Quando os jogadores estão lesionados não há ninguém no mundo que possa dizer que não estão. Fiz as três substituições de rajada numa tentativa de ganhar o jogo e depois, infelizmente, os nossos atletas, por cansaço, porque tem sido um campeonato muito saturante, começaram a lesionar-se…», referiu. Quanto ao trabalho de José São Pedro, Batista adiantou, em tom irónico, que «até tinha sido uma boa arbitragem. Peço é que as pessoas tenham um pouquinho mais de cuidado na nomeação dos árbitros para estes grandes jogos», avisou.

Ricardo Cordeiro

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