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A berra a quem a trabalha

Extremo Acidental

A semana passada, quando escrevi sobre a minha participação nas Jornadas de Química da UBI, ainda não tinha acontecido a intervenção galhofeira na apresentação de um livro feita por Vítor Gaspar. Soubesse eu da existência de grupos militantes cuja actividade se manifesta em risos durante apresentações públicas e tê-los-ia convocado para fomentar a gargalhada no decurso da comunicação. Se não fosse gente de esquerda revolucionária anti-capitalista e adversários da iniciativa privada, talvez encontrassem na provocação da risota um negócio a germinar. Tal como as carpideiras se desfazem em lágrimas durante os velórios, os grupos ridentes soltariam gargalhadas nos momentos em que o público genuíno não acolhe a graça das actuações públicas de cómicos, humoristas e professores universitários.

Quero no entanto deixar muito claro que esta ideia não é nenhum incentivo à inovação ou empreendedorismo. Reafirmo esta evidência por três razões: a primeira é não querer ser acusado de insensibilidade com as dificuldades sentidas por todos os trabalhadores das artes e espectáculos; a segunda é o desejo de evitar a hostilidade e a indignação de intelectuais de esquerda que escrevem livros mas não os publicam nem os mandam imprimir em editoras e gráficas onde algum trabalhador ganhe apenas o indigno salário mínimo nacional; a terceira é a ideia ser uma enorme palermice. Se não fosse, não a escrevia, vendia-a. Infelizmente é apenas parvoíce. E embora haja estupidez que vende, a minha não tem valor de troca. Ou seja, apesar de estar aqui a bater punho – e dedos – no teclado, além de idiota, não sirvo nem para vender pipocas.

Por: Nuno Amaral Jerónimo

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