Os últimos dias foram de grande turbulência para os laranjas da Guarda. O PSD local entrou num debate estéril recordando guerras de outros tempos. Seria bem mais salutar – e do interesse do próprio PSD – se este debate tivesse por móbil alguma estratégia, projecto ou opção para o futuro da Guarda. Mas não! As eleições autárquicas aproximam-se e o PSD em vez de ideias discute o despotismo de Ana Manso.
Desde há muito que alguns militantes vão minando o terreno da líder laranja sem sucesso. Ana Manso foi utilizando os “tachos” para calar uns e dominar outros.
Depois de dois anos ao “serviço” de Ana Manso o presidente da concelhia, Rui Quinaz, deu um murro na mesa. Cansado das indelicadezas da deputada e vereadora, Quinaz participou num repasto que sentou à mesa as mais diversas facções do partido. Este encontro provocou uma verdadeira congestão no partido. Durante este período Ana Manso mostrou a sua falta de tacto e uma grande inabilidade política. Mais uma vez teve uma postura reactiva exagerada e coactiva. Procurou destronar Quinaz da liderança concelhia criando mais uma situação fracturante no partido. Ao seu lado só já estão aqueles cujo lugar ou cargo depende da confiança política da líder.
Assiste-se ao regresso dos militantes ostracizados por Manso, que, oportunisticamente, se colaram a Rui Quinaz para fulminar a presidente da distrital. Falta saber até quando vão estar com o empresário e, ainda, presidente da concelhia. Quinaz passa de mensageiro do repto a Ana Manso para se recandidatar à Câmara da Guarda, a líder da maior rebelião contra ela.
Pelo contrário, Ana Manso, que, mesmo sem reunir unanimidade à sua volta, parecia a candidata mais bem colocada para tentar destronar o PS da Câmara da Guarda, foi de tal forma inepta neste processo que, provavelmente, ficou já pelo caminho. A deputada assobia para o ar desvalorizando os últimos episódios, mas provocou contusões difíceis de ultrapassar. Pior: não tem argumentos para contornar o conflito – como vereadora tem uma postura de guerrilha sem objectivos ou estratégia; como deputada foi derrotada em toda a linha, nomeadamente com os mais baixos PIDDAC’s do país.
Para muitos é o princípio do fim de Ana Manso. Para já discute-se a concelhia, mas no horizonte estão as autárquicas. A Rui Quinaz abrem-se novas expectativas que não enjeitará (deverá ser considerado para qualquer cenário, inclusive uma candidatura à Câmara). Crespo de Carvalho sorriu quando questionado sobre a sua posição, sabe que não é o momento para entrar em disputas, mas, claramente, está atento e é o preferido de alguns (o facto de estar de férias, em Itália, permitiu-lhe passar ao lado desta crise – uma vantagem). Outro dos nomes que irrompe é o de José Gomes que alguns históricos consideram ter o melhor perfil e currículo profissional. Mas há também quem volte a falar de Júlio Sarmento, de Álvaro Amaro e até de Marília Raimundo (que, recorde-se, nunca se disponibilizou a ser candidata à autarquia da Guarda).
Os próximos meses se verá. Para já assistimos a um flop sem brilho nem glória para os intervenientes. O PSD saiu mais fraco. E Ana Manso também.
Luís Baptista-Martins