Arquivo

Pearl Harbor

Corta!

Por vezes acontecem coisas destas. Sem explicação. Mas, no mesmo dia, estrearam no nosso país dois filmes com curiosos nomes quando juntos. O mexicano «Japón» e «Na América», o mais recente filme do muitas vezes esquecido Jim Sheridan, esse de «Em Nome do Pai».

Admirável em «Na América» (foto) é a sua semelhança com o próprio país de que fala. Mostrando a entrada e adaptação de uma família irlandesa nos Estados Unidos, em busca do «american dream» há tanto apregoado que é difícil contestar, «Na América» tem tanto para ser detestado e rejeitado, quanto para ser amado, em iguais doses. Lamechas, moralista, sensível, belo, cativante, a transbordar de ideias, de amor, paixão, vida, esperança, formatado, explosivo, feio, falso, e tantas outras coisas que país e filme partilham. Bem encaminhado por Sheridan, apoiado num excelente argumento e inteligente realização, o filme vai-nos lentamente conquistando, até à capitulação final, onde já sem armas nos é impossível resistir ao seu encanto. Numa palavra: mágico!

Muito diferente é «Japón», primeira obra de Carlos Reygadas, num registo mais experimental e marginal, próprio de uma primeira obra de quem tudo quer mostrar logo ao primeiro encontro. Como sempre acontece nestes casos, o espectador só pode ficar rendido ou correr dali para fora. Não há meios termos. Através de belas imagens, somos transportados até ao ermo local escolhido por um pintor para passar os seus últimos dias. Uma coisa é certa, «Japón» figurará com toda a certeza nas listas de final de ano por culpa de um brilhante momento musical. «É profundo!», diz alguém fora da imagem. Pois é, dizemos nós, esquecendo por momentos a ditadura que a beleza tantas vezes impõe ao que realmente tem importância. O ano começa bem.

Por: Hugo Sousa

cinecorta@hotmail.com

Sobre o autor

Leave a Reply