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Moimenta da Serra palco de um «baptismo de luxo»

II Montarias da Serra da Estrela ficaram marcadas pela estreia de uma jovem monteira

Rita Martins não cabia em si de contente no último sábado, pois acabara de alcançar um feito inédito, matar um javali. A jovem de Vila Real foi uma das duas senhoras que participaram nas II Montarias da Serra da Estrela, realizadas no último fim-de-semana no concelho de Gouveia. Uma actividade que atraiu o interesse de muitos participantes, a maior parte dos quais homens, vindos de Norte a Sul do país, para esquadrinhar as encostas de Moimenta da Serra, Paços da Serra, Mangualde da Serra, Aldeias e Folgosinho à procura dos javalis.

A jovem transmontana garante que Gouveia nunca mais vai sair do seu álbum de memórias, passando a ser um «sítio inesquecível» por ter morto um javali logo na «primeira montaria a sério» em que participou. Apesar do baptismo de monteira não parecer muito agradável, já que foi “brindada” com o sangue e as tripas do animal, Rita Martins garante que sentiu uma «sensação indescritível e uma coisa fantástica» quando matou o primeiro javali da sua vida. Agora que se estreou na caça ao javali, a nova monteira espera «matar muitos mais e continuar a ter muita sorte nas próximas montarias», assegurando que vai continuar nestas “aventuras”, pois é algo de que gosta «muito», confessando que poderá vir a encarar a actividade de «forma profissional». Num “mundo” em que a presença do sexo masculino é claramente esmagadora, Rita Martins não esconde que sentiu um «gostinho especial» por, no meio de tantos homens, ter sido das poucas pessoas a caçar um javali, não atribuindo, contudo, muita importância a esse facto. «À partida, são as próprias pessoas que fazem a diferença. Nunca senti, absolutamente, problema algum em ser mulher a caçar. Ás vezes é mais preconceito das próprias mulheres, que dizem que este é um ambiente de homens», garante. Reconhecendo ter tido alguma sorte pelo facto do javali ter surgido na sua porta, a jovem caçadora considera que o concelho gouveense tem «muito boas potencialidades que podem ser exploradas da melhor forma» para a promoção do turismo cinegético. «Zonas como esta têm bastante javali e outro tipo de caça. Tem é que ser organizada da melhor forma e ser entregue a quem realmente percebe do assunto para poder levar a caça a bom porto», completa. A mesma opinião tem António Júlio Queirós, vindo da Póvoa do Varzim, um repetente nas Montarias da Serra da Estrela. «Este concelho tem boas potencialidades, mas têm que ser trabalhadas como em todos os lados», realça. Este caçador, proveniente do Norte do país, é presença habitual em muitas montarias, desde o Alentejo até Trás-os-Montes, passando por Espanha, e sublinha que Gouveia «não fica a perder» comparativamente a esses locais.

Iniciativa «muito importante» para visitas futuras

Apesar do número de javalis caçados não ter sido o mais desejado, Álvaro Amaro, presidente da Câmara de Gouveia, considerou que a caçada «correu muito bem», até porque as II Montarias da Serra da Estrela ficaram marcadas por um baptismo «de luxo». A realização desta actividade é tida como «muito importante» para a Serra da Estrela e para Gouveia, em virtude de possibilitar a oportunidade de «captar gente de vários pontos do país e de divulgarmos as nossas terras», realça Amaro. Sem querer admitir que Gouveia pode ser a “capital” do turismo cinegético nesta região, o autarca prefere salientar que é importante a realização de actividades idênticas em concelhos vizinhos: «Este é o contributo de Gouveia. Espero que haja outros, porque também no turismo cinegético, e não apenas da caça, amanhã de safaris, por exemplo, tem que se começar por algum lado e daí nós darmos este pontapé de saída», garantindo já realização das terceiras montarias no próximo ano. Até porque «é clarinho» que o concelho tem «boas potencialidades e belíssimas condições» para este tipo de turismo, necessitando apenas de um «trabalho» que já está a ser desenvolvido. Álvaro Amaro destaca ainda o papel que as montarias no concelho podem desempenhar na captação do interesse em promover visitas futuras, sendo este «outro objectivo que se insere no desenvolvimento turístico do concelho», completa.

Ricardo Cordeiro

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