Aquele que foi o nó mais polémico de toda a A23, o acesso Norte à Covilhã, abriu ao trânsito na última quinta-feira, três semanas após a data prevista pela Scutvias. Um atraso que se deveu à «vistoria tardia» da obra e a questões burocráticas do Instituto de Estradas de Portugal (IEP), que se complicaram na época natalícia, explica Matos Viegas, administrador-delegado da concessionária da auto-estrada da Beira Interior.
Esta era a única obra que faltava para a Scutvias concluir a A23 dentro dos prazos previstos, ou seja, até finais de 2003, e a que motivou «muita polémica» ao longo da sua construção, recorda o administrador da empresa. A contestação mais significativa aconteceu na Ponte Pedrinha no Verão de 2002, onde os autarcas da Covilhã surpreenderam Matos Viegas ao reivindicar o acesso Norte pelo Parque Industrial do Canhoso, uma opção que o Ministério do Ambiente tinha excluído por tocar em alguns troços da Rede Natura 2000. Resolvido esse impasse, o acesso Norte à Covilhã voltou a enfrentar nova contestação por parte de alguns proprietários de terrenos da Boidobra que reclamavam uma ligação directa à Covilhã e não apenas a possibilidade de acederem à variante. Daí que a conclusão desta obra seja para Matos Viegas uma «vitória de toda a gente» e não só da Câmara da Covilhã, como muitos apontam, principalmente pelo episódio na Ponte Pedrinha. «Sempre propusemos a ligação», defende, acrescentando que «toda a gente», desde autarcas, a ministros e população, se «envolveram» para tornar este acesso uma realidade no final do ano transacto. «Toda a gente colaborou e tive o apoio necessário para fazer este nó», revela Matos Viegas.
O acesso Norte à Covilhã, sublanço do troço Alcaria-Belmonte, custou à Scutvias cerca de 13 milhões de euros dos 125 milhões aplicados neste troço e nasce na Estrada Nacional 18, entre os cruzamentos para o Parque Industrial do Canhoso e a Quinta do Covelo. Trata-se de uma via com três quilómetros de extensão, com uma faixa em cada sentido, havendo duas a subir numa parte da variante. Para Matos Viegas, este acesso é «vantajoso» para quem vai para o Fundão e, claro, para a zona Norte da Covilhã, para além de «aliviar» toda a variante da EN18. Mas irá «funcionar melhor» assim que a periférica à Covilhã estiver construída, conclui.
«Nó do Ferro ainda vai fazer correr muita tinta»
Mas a maior polémica está para surgir. Esta é pelo menos a convicção de Matos Viegas que acredita que a contestação à volta do nó do Ferro «ainda vai fazer correr muita tinta». Trata-se de uma rotunda que ligaria directamente a Boidobra à Covilhã e que foi substituída por um semi-nó que permite apenas a entrada e saída da A23, sendo que para se deslocarem à cidade os habitantes terão que usar as estradas rurais. Uma opção que satisfaz a reivindicação dos proprietários de algumas quintas na Boidobra que cederam os seus terrenos para a construção da A23 e que já obteve uma garantia de apoio por parte do presidente da Câmara na última Assembleia Municipal para obter esse nó. Entretanto, o Instituto do Ambiente enviou um parecer à Junta de Freguesia da Boidobra a responsabilizar a empresa construtora pela eliminação daquela rotunda. Acusações que Matos Viegas refuta, pois os projectos sempre foram feitos «de acordo com as instruções que nos são dadas», explica, tendo em conta que «o Ministério do Ambiente sempre disse que não queria novas acessibilidades». «Para nós a postura é muito clara: o que está aprovado é o que tem de se fazer. Não podemos ser nós a decidir», acrescenta Matos Viegas, relembrando que a Scutvias é «prestadora de serviços». No entanto, o administrador delegado admite que este acesso é para ser construído, mas só quando tiverem indicações nesse sentido.
Liliana Correia