O Fundão continua a apostar forte no sector da relojoaria, polimento e joalharia e para suprir as necessidades de mão-de-obra das empresas que compõem o “cluster” daquela área instalado na zona industrial, a Escola Profissional vai arrancar brevemente com um curso de metalomecânica. O objetivo é que os cerca de 20 jovens, com idades entre os 18 e 25 anos, tenham a formação, que confere equivalência ao 12º ano, concluída em meados de 2015.
O diretor da Escola Profissional do Fundão (EPF) adianta que este curso, que é uma área «mais abrangente e oferece mais saídas aos formandos», visa «dar resposta às necessidades manifestadas pelas empresas instaladas no parque industrial que desenvolvem componentes para a área da relojoaria». Henrique Dias acrescenta que «quisemos abrir uma linha de formação inicial que possa responder, por um lado, à necessidade de formação dos jovens e, por outro, à falta de pessoal formado por parte das empresas». Nesse sentido, o curso, que deverá arrancar até meados de dezembro, contribuirá também para um aumento de «massa crítica e qualificada no concelho e na região», sendo um «fator de fixação e de atratividade de jovens e de empresas». O responsável explica que se trata de uma aprendizagem em que os formandos estarão «muito mais tempo em contexto real de trabalho do que num curso profissional normal», daí ser uma formação que aproxima «muito mais as empresas dos jovens».
O curso deverá ter uma duração de «dois anos a dois anos e meio», por ter menos períodos de paragem que no ensino profissional, daí que Henrique Dias estime que em «meados de 2015 teremos os primeiros diplomados com uma visão estratégica de relojoaria, polimento e joalharia». Atualmente, a EPF está a desenvolver o processo de seleção dos formandos, devendo o curso arrancar com cerca de 20 jovens que não concluíram o 12º ano, estão desempregados e com «vontade de aprofundar tecnologicamente os seus conhecimentos». De resto, grande parte dos candidatos selecionados já tinham enviado currículos para as empresas que os poderão vir a recrutar no futuro. O curso vai conferir dupla certificação, com equivalência ao 12º e ao nível IV, e os jovens vão receber formação em Francês dado que as empresas em causa trabalham maioritariamente com software naquela língua.
O diretor da EPF admite que, à partida, os formandos terão saída profissional garantida: «Nas reuniões de trabalho que fomos tendo, as empresas revelaram que têm muita dificuldade em contratar gente especializada e qualificada. No final da formação, podemos ter uma bolsa de gente formada para dar resposta a essas necessidades», sustenta Henrique Dias. Este é o primeiro curso do Centro Avançado de Formação que a EPF pretende implementar a breve prazo, sendo que «a ideia é dar continuidade a estes cursos e também abrir em mais áreas». Quem vê com bons olhos a abertura deste curso são os empresários que prestam serviços de relojoaria, ourivesaria e polimento. Vítor Santiago, proprietário de uma empresa que efetua trabalhos e manutenção para outras unidades instaladas no parque industrial do Fundão, assume que vem «lutando com a dificuldade de encontrar gente formada nesta área e com certeza que irei aproveitar miúdos que possam sair das fornadas dos cursos».
O empresário garante que há «uma grande dificuldade em conseguir-se gente jovem para este sector», pelo que considera importante «incrementar cada vez mais a nossa zona com gente formada para poder satisfazer as empresas». Aliás, Vítor Santiago afirma que os cerca de 20 formandos «nem sequer chegam a preencher a necessidade das empresas», admitindo que «vão ser colocados de imediato, a não ser algum que não tenha o mínimo de aproveitamento». Segundo o empresário, «depois das empresas estarem com um nível de empregados satisfatório, os formandos vão ter colocação na maioria das empresas de metalomecânica».
Ricardo Cordeiro