Foi no dia 13 de novembro de 1938 que nasceu, em Sátão (Viseu), Maria Aurora Carvalho Homem, que se tornou conhecida nas boémias da Madeira como “Aurora”.
Escritora nas áreas da ficção, contos infantis e poesia, também fez jornalismo, passando pelas redações de “A Capital” e “Diário de Lisboa” e nas revistas “Flama e “TV Notícias”. Fundadora de “A Mosca”, foi chefe de redação de “A Nossa Terra”, de Cascais, e assistente literária da RTP Madeira, onde trabalhou até ao fim da vida dando a cara pelo programa “Atlântida”, que faz a ligação às comunidades de emigrantes insulares. A ela também se deve a criação da Feira do Livro, já como assessora da Câmara do Funchal. Participou nas primeiras peças do Teatro Experimental do Funchal no pós-revolução, tornando-se numa figura incontornável da cultura madeirense a partir de 1974.
Aurora passeava-se pelas noites da Madeira declamando Eugénio de Andrade, tanto na mesa de um bar onde o jazz fazia de fundo, como no Largo do Corpo Santo, junto à capela ou na casa de fados “Marcelino Pão e Vinho”. As tertúlias não tinham horário a cumprir e o poema do poeta do Fundão era invariavelmente «Já gastámos as palavras pela rua, meu amor/ e o que nos ficou não chega para afastar o frio de quatro paredes/ Gastámos tudo menos o silêncio/ Gastámos os olhos com o sal das lágrimas/ Gastámos as mãos à força de as apertarmos/ Gastámos o relógio e pedras das esquinas/ Em esperas inúteis. (…)». Morreu no Funchal a 11 de junho de 2010.
