A Universidade da Beira Interior (UBI) anunciou que está a criar um novo tipo de implantes para regeneração óssea, os quais devem começar a ser testados em seres humanos a partir de setembro do próximo ano.
O projeto da Faculdade de Ciências da Saúde molda em laboratório implantes minúsculos designados pela palavra inglesa “scaffolds” – “andaimes” em português, explicou Ilídio Correia, investigador coordenador do projeto, segundo o qual estas peças servem de base para as células se multiplicarem e reconstruirem o osso. São estruturas tridimensionais que podem ter várias aplicações, como regenerar ossos fraturados, exemplificou o responsável, que as apresentou como uma alternativa mais eficiente às existentes no mercado. Os novos substitutos ósseos estão a ser testados em contacto com células e em animais de laboratório «com resultado positivos». O próximo passo serão os ensaios em seres humanos no novo Centro de Ensaios Clínicos do Hospital da Covilhã.
Para o investigador, uma das vantagens do projeto reside no facto do desenho de cada implante ser definido em computador, a partir de dados reais fornecidos pelo Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB) relativos a defeitos em ossos. A partir daí, é usado material sintético para moldar cada implante numa impressora 3D e depois preencher o defeito. Ilídio Correia adianta que com estes implantes «o preenchimento ósseo é mais rápido, mais completo e não existe reação inflamatória». A UBI já desenvolveu o mesmo tipo de material, mas sob a forma de «cimento ósseo» para regenerar membros afetados por osteoporose, acrescentou o investigador, que espera ver este tipo de implantes no mercado para «melhorar a qualidade de vida de pessoas em todo o mundo». O projeto foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia com 140 mil euros e justificado com ganhos económicos em relação a outras formas de regeneração óssea, nomeadamente com titânio.
O projeto está a ser concretizado pela UBI, através do Centro de Investigação em Ciências da Saúde, e pelo Instituto Superior Técnico, com a colaboração do Hospital Veterinário de S. Bento (Lisboa) e da empresa de próteses Ceramed.