Caro leitor, depois de Portugal ter apostado (mal, na minha modesta opinião) na imagem de marca Allgarve, a imprensa inglesa inventa a nossa nova marca o Poortugal, isto é, traduzindo, Pobretugal.
Expressão infeliz, demonstrativa da falta de respeito com que os ingleses sempre olharam para Portugal, mas infelizmente real.
Este nosso país está mais pobre cada dia que passa e o que o Orçamento de Estado perspetiva nada mudará no futuro próximo. A receita está encontrada, tirar até mais não se poder a quem vive do trabalho e não tocar nas mordomias do Estado e de um pequeno grupo que vive à custa da fazenda pública.
Não me quero colocar na posição de quem, por ser de um partido político diferente daqueles que estão no Governo, está contra simplesmente por estar. Nunca foi essa a minha postura e não será agora, até porque culpo pela situação atual do país TODOS os partidos que têm tido assento parlamentar, uns por terem estado no Governo e terem contribuído para termos chegado onde chegámos, os outros por nunca se terem constituído como alternativa por via da apresentação de alternativas credíveis.
Casos práticos do Portugal de hoje, que não são diferentes do Portugal de ontem e que condenam o Portugal de amanhã:
– Foi um corrupio de comentários nas redes sociais a compra de 4 carros no valor de 210 mil euros para o grupo parlamentar do PS. Nos tempos que correm condeno a compra, mas achei uma falta de pudor os comentários que vieram do Governo e dos partidos que o sustentam. Falta de pudor porque ninguém falou dos 160 mil euros gastos com o carro do ministro da “Propaganda” “dr.” Relvas, ninguém falou dos 31 carros ao serviço do sr. primeiro-ministro, ninguém falou das frotas perfeitamente insustentáveis que os ministérios, secretarias de Estado e demais organismos do Estado têm… Se queremos fazer cortes na despesa este poderia ser um bom começo, a redução efetiva e substancial da frota do Estado, assim como a substituição dos veículos que se revelassem absolutamente necessários por veículos de menor cilindrada e, consequentemente, com consumos mais baixos. A mim não me chocaria nada ver um deputado, ministro, secretário de Estado ou qualquer outro detentor de cargo público a deslocar-se de Clio;
– Reformas. É inadmissível que num país onde os recursos são escassos se permita que reformas “chorudas” alcançadas à custa de cargos políticos não sejam alteradas. É uma ofensa a quem trabalha olhar para a Presidente de Assembleia da República, a título de exemplo, porque como ela existem muitos mais e de TODOS os partidos, e saber que se reformou com pouco mais de 40 anos, com uma boa reforma que tem acumulado sempre com excelentes ordenados. É imoral, principalmente quando estamos na situação em que estamos;
– A Reforma do Estado. Tantos deputados para quê? O número de Câmaras Municipais não poderia ser reduzido? Sobre a redução de deputados não falo agora, por ser politicamente correto ou por ter sido uma ideia do secretário-geral do PS, é um assunto que tenho levantado há muito tempo. A redução do número de deputados e a sua eleição por círculos uninominais é uma reforma necessária para uma democracia mais moderna e mais eficaz na defesa das populações (voltarei a este assunto em crónica futura). No que toca ao poder autárquico, optou-se por fazer uma reforma ao nível das freguesias, inconsequente do ponto de vista financeiro, e por falta de coragem política não se vislumbra sequer uma reforma do mapa administrativo ao nível dos concelhos, onde, do ponto de vista financeiro, se poderiam alcançar poupanças significativas;
– Subvenções aos partidos. Num país com as dificuldades económicas que o nosso tem, ou mesmo se não as tivesse, é absolutamente escandaloso a valor das subvenções que o Estado paga aos partidos políticos. Dinheiro de todos nós que serve para manter “máquinas partidárias” absolutamente gigantescas de pessoas que não conseguem viver/sobreviver fora da política.
Poderia continuar com exemplos de más práticas da nossa democracia que têm contribuído para a sua doença.
Termino esta crónica com a minha perplexidade pelo desaparecimento dos meios de comunicação social da expressão “jobs for the boys”. Esta expressão tantas vezes usada pelos sociais-democratas e com grande eco na comunicação social era usada para denominar aqueles que o PS nomeava. Hoje, assistimos a um fenómeno interessante de nomeação de um número elevado de “especialistas”, com idades entre os 23 e 30 anos (com estas idades serão “especialistas” em quê?), para os ministérios e as secretarias de Estado e a expressão “jobs for the boys” deixou de se usar. Interessante…
Por: Nuno Almeida
* Presidente da concelhia da Guarda do PS