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Editorial

1. O fim do pacote viagens gratuitos nas ex-SCUT’s continua a ser contestado e a mobilizar utilizadores que não concordam em ser pagadores e veem nas portagens mais um golpe nas aspirações de desenvolvimento do interior. Mas, como sempre, só depois de decidido e diferido é que as pessoas interpretam que vão ser penalizadas, mesmo considerando o desconto de 15 por cento.

De resto, salvo no plano de alterações à TSU, em que a população saiu massivamente à rua farta da resignação, o povo é sereno e pouco dado a grandes contestações – é comer e calar!

O “buzinão” é uma arma ruidosa, especialmente para os próprios, mas cujo impacto, por muito eco que as televisões lhe queiram dar, não perturba os ouvidos dos governantes. As portagens vieram para ficar. Pugnemos pela manutenção do desconto. E exijamos o completo esclarecimento sobre os contratos de concessão que, vergonhosamente, o governo socialista terá deixado às escondidas do Tribunal de Contas. Ou, como comentou Miguel Sousa Tavares, «o que poderemos nós pensar quando, depois de tantos anos a exigir o fim das SCUT, descobrimos que, afinal, o fim das autoestradas sem portagens ainda iria conseguir sair mais caro ao Estado? Como poderíamos adivinhar que havia uns contratos secretos, escondidos do Tribunal de Contas, em que o Estado garantia aos concessionários das PPP que ganhariam sempre X sem portagens e X+Y com portagens?».

Para o interior, pode ser o fim de muitas pequenas empresas que com grande esforço e imaginação ainda conseguiam sobreviver transportando os seus produtos para mercados distantes. Com as portagens passou a ser mais difícil.

2. Apesar da crise, das dificuldades e do pessimismo generalizado há empresários que decidem avançar para novos investimentos e apostam no crescimento.

No Sabugal, esta semana começou a laborar uma nova fábrica. E, como damos conta nesta edição de O INTERIOR, uma empresa da Guarda vai implantar-se em Marrocos e posteriormente irá instalar uma nova unidade em Moçambique. É com agentes dinamizadores, com empresários audazes, que se pode encontrar uma luz ao fundo do túnel. Sem empresas não haverá emprego nem rendimentos.

Luis Baptista Martins

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