Em 2012, os salários vão baixar em termos absolutos, o que acontece pela primeira vez em 14 anos, e continuarão «sob pressão» até se inverter a subida do desemprego, conclui um estudo da Mercer divulgado hoje pela agência Lusa.
«Devido ao ciclo de ajustamento económico que atravessamos verifica-se um número excecionalmente elevado de empresas (26 por cento da amostra analisada) a congelarem os incrementos salariais como medida de redução do peso da massa salarial na estrutura de custos. Por outro lado, e devido ao efeito de novas entradas de colaboradores a níveis salariais mais baixos, verifica-se uma ocorrência rara: uma diminuição em termos absolutos dos níveis salariais agregados de muitas funções e níveis funcionais», explicou o responsável pela área de estudos de mercado da consultora em Portugal.
Salientando que o estudo da Mercer Portugal sobre tendências de compensação e benefícios é «o mais antigo que se realiza em Portugal, em continuidade desde 1998», Tiago Borges destaca que esta é «a primeira vez que existe uma redução absoluta dos salários nominais» no país, apesar de «desde pelo menos 2008» se verificar uma diminuição dos salários reais. Segundo referiu, trata-se da «lei da oferta e da procura aplicada à formação de salários», traduzindo o “fato da taxa de desemprego estar em níveis nunca antes atingidos em Portugal».
Neste contexto, Tiago Borges antecipa que, em 2013, «as perspetivas de incremento salarial continuem muito alinhadas» com 2012, devendo ficar-se entre 1,18 e 1,46 por cento, contra os 1,4 a 1,46 por cento deste ano. Segundo o estudo da Mercer, registou-se uma redução real dos salários «em praticamente todos os grupos funcionais», mas as funções com menores níveis de qualificação sofreram a maior quebra. No caso dos diretores-gerais e dos administradores, a redução salarial foi de 0,37 por cento, enquanto nos cargos administrativos e nos operários a redução atingiu os 1,27 e os 1,18 por cento, respetivamente.