À distância de uma foto. Nunca me tinha apercebido, como agora, da pouca distância entre a Guarda e a Serra. É certo que em dias de boa visibilidade, das Lameirinhas ou da VICEG, temos a Serra como fundo de paisagem. Mas, ou pela grandiosidade da vista ou pela fugacidade da observação, nunca reflecti sobre a ordem de grandeza da distância que medeia entre a cidade e a serra. Só este fim-de-semana, e por causa do estágio de xadrez promovido pelo GXG nas Penhas Douradas, dei conta de quão curta é essa distância.
Do alto das Penhas Douradas, localizadas bem no coração da Serra, vislumbram-se com nitidez e a “olho desarmado”, alguns dos edifícios mais simbólicos da cidade. Vê-se o castelo e a Escola de Santa Clara, vê-se o novo hotel, o edifício da Yoplait, a Câmara, o Parque da Saúde, o IPG, isto entre muitos outros sítios conhecidos da cidade. Não deverão ser mais de 20 ou 30 quilómetros em linha recta. Ao alcance de uma jornada de caminho (!).
Ora, sendo assim tão curta a distância entre a Guarda e a Serra porque é que não aproveitamos? Porque é que não desfrutamos do seu ar, da sua beleza e das suas potencialidades para um sem fim de actividades humanas, muitas delas na área do lazer e do desporto? Porque não passar uns dias do período natalício em ambiente de montanha, de preferência com neve? Porque não agarrar a oportunidade, mil vezes adiada, de aprender a esquiar? Para os habitantes da Guarda, e mesmo para os forasteiros, a estadia na cidade, com deslocação diária para a serra poderia ser uma hipótese a considerar para desfrutar da Serra. E se tivermos em conta o florescente mercado da neve, como foi sentido há bem pouco tempo, com uma grande avalanche de pessoas à procura da primeira neve do ano, esta estadia poderia ser uma boa alavanca para o desenvolvimento.
Não sei se a chamada “estrada verde” para a Serra é o projecto que pode alterar em definitivo a nossa relação com a montanha aqui tão perto. Mas, seja esse ou outro o projecto, o que sei é que é importante abrir uma estrada muito mais directa do que as actualmente existentes. Já não se compreende que em pleno séc. XXI continuemos tão dependentes de um simples acesso para poder usufruir de um bem tão valioso.
Claro que muitas outras infraestruturas são necessárias na serra. Por exemplo, um bom serviço de limpeza de neve, percursos pedestres bem sinalizados, serviços de interpretação da Natureza. Mas para que tudo isso possa ser rentabilizado é necessário criar primeiro acessos rápidos que permitam às pessoas deslocarem-se para lá muito rapidamente. Para quando?
Por: Fernando Badana