Depois de um mês de agosto sereno, os incêndios voltaram em força na semana passada em vários pontos do distrito da Guarda. A zona da Serra da Estrela foi novamente a mais afetada, com as chamas a consumirem alguns milhares de hectares de floresta e mato durante vários dias nos concelhos de Seia, Gouveia e Fornos de Algodres. O vento e as elevadas temperaturas registadas nos primeiros dias de setembro também fizeram das suas na Guarda e Aguiar da Beira.
A situação mais problemática aconteceu em Seia, onde uma primeira estimativa divulgada pela autarquia fala em cerca de dois mil hectares ardidos – dos quais 1.400 no Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) – entre dia 2 e a passada quinta-feira, quando o sinistro foi dado como dominado. Contudo, só esta semana se saberão as consequências deste incêndio que começou na zona de Carragosela e ameaçou as freguesias de Sandomil, Sazes da Beira, Valezim, Vila Cova à Coelheira e Torrozelo. Isto porque a Câmara tem vindo a fazer um levantamento dos prejuízos causados em termos económicos e ambientais. O edil Carlos Filipe Camelo chama a atenção para o facto das chamas terem lavrado sobretudo em áreas de floresta adulta, o que significa «a perda de valores económicos significativos para os proprietários». Olivais, hortas e vinhas, essenciais para o rendimento de muitos residentes, também foram afetadas, acrescenta o autarca, que alerta para a previsível erosão dos solos e a poluição do rio Alva quando a chuva arrastar terra e cinzas.
Carlos Filipe Camelo revelou que os municípios de Seia e Oliveira do Hospital, também afetado pelo mesmo incêndio, já solicitaram uma audiência «com caráter de urgência» aos ministros da Agricultura e Ordenamento do Território e da Administração Interna. Entretanto, a Associação Amigos da Serra da Estrela (ASE) já manifestou disponibilidade para ajudar a reflorestar a área ardida, mas o presidente senense apela à colaboração das demais entidades que trabalham nesta área. No concelho vizinho de Gouveia também se viveram horas de preocupação com o fogo a rondar a freguesia de Aldeias entre quinta e sexta-feira. No entanto, neste caso, a área ardida terá sido menor, «entre 110 a 120 hectares de mato e floresta do PNSE», refere o comandante dos voluntários gouveenses. Noutro ponto do município, as chamas andaram perto de Arcozelo e Rio Torto e deram muito trabalho aos bombeiros devido a reacendimentos provocados pelo vento.
Em Fornos de Algodres, o fogo que começou na quinta-feira chegou a ameaçar localidades como Maceira, Sobral Pichorro, Vila Chã, Cortiçô e Figueiró da Granja até ser dado como dominado no dia seguinte. A intensidade do vento foi também aqui o grande adversário dos “soldados da paz”, “canarinhos” e sapadores florestais. Segundo o coordenador do Serviço Municipal de Proteção Civil de Fornos de Algodres, José Lopes, este incêndio terá consumido uma área «entre 500 a 600 hectares» de mato, florestas e terrenos agrícolas. Estas ocorrências mobilizaram centenas de bombeiros e outros operacionais, que foram apoiados por meios aéreos e veículos.
Luis Martins
Comentários dos nossos leitores | ||||
---|---|---|---|---|
|
||||